aldo fornazieri

‘Impacto de programas eleitorais em rádio e TV na definição de votos deve ser questionado’

Levantamento da UFMG constatou que 43,2% dos eleitores não assistem à propaganda eleitoral. Horário político custa aproximadamente R$ 840 milhões aos cofres públicos

Arquivo RBA

Propaganda eleitoral no rádio e na TV representa o maior custo nas projeções de custo das campanhas de candidatos

São Paulo – A exibição dos programas eleitorais em redes de rádio e televisão custa aproximadamente R$ 840 milhões aos cofres públicos. A quantia é deduzida da folha de impostos das empresas de comunicação para que veiculem diariamente o horário eleitoral gratuito. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), realizado em 2010, constatou que 43,2% dos eleitores não assistiam à propaganda gratuita no rádio e na televisão. Dos 54,4% que declararam acompanhar o programa eleitoral, 65% disseram ter assistido pelo menos uma vez na semana. “Os dados indicam que o programa eleitoral tem baixo impacto no eleitor, baixa audiência e, no entanto, é muito caro. A campanha eleitoral não é gratuita, quem paga é o contribuinte”, afirma o cientista político Aldo Fornazieri.

Na visão do professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o impacto destes programas na definição de votos dos eleitores precisa ser estudado e questionado, já que representam custo alto tanto ao governo federal quanto às campanhas. Fornazieri defende que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pesquise quantos eleitores assistem efetivamente aos programas. “Esta é uma falha gritante, principalmente por parte da Justiça Eleitoral, que deveria se debruçar sobre esse problema e informar a opinião pública acerca de qual é o impacto que o programa produz.”

A propaganda eleitoral no rádio e na televisão representa o maior custo nas projeções de custo das campanhas de candidatos à Presidência da República. A campanha de Dilma Rousseff (PT) está orçada em R$ 298 milhões, a de Aécio Neves (PSDB) em R$ 290 milhões e a de Marina Silva (PSB), em substituição a Eduardo Campos, em R$ 150 milhões.

O TSE divulgou, no início deste mês, a prestação de contas das campanhas. Dos R$ 31,2 milhões arrecadados pelos 11 partidos, 91% vêm de doações de empresas, sendo 65% do financiamento proveniente de somente três: JBS, dona da marca Friboi, a construtora OAS e a fabricante de bebidas Ambev.

Para Fornazieri, o peso do poder econômico nas campanhas retrata a “desproporcionalidade enorme”, já que somente 3% do valor arrecadado pelos partidos foram doados por pessoas físicas e outros 6% vêm do financiamento público dos fundos partidários. “Isso afeta a democracia e a cidadania política. É preciso rever essa postura através de uma reforma política eleitoral”, argumenta.

Ouça o comentário completo de Aldo Fornazieri à Rádio Brasil Atual