truculência

Jornalista e professor presos descrevem hostilidade da PM em protesto de 6ª

Jornalista Caio Castor e professor Luiz Carlos de Melo foram levados à delegacia 'por desacato' a policiais. Alunos de Melo, da escola Raul Fonseca, no bairro da Saúde, contam o que viram e ouviram

CC Midia Ninja / Jornalistas Livres

Adolescentes, estudantes da periferia, em defesa do que lhes resta do ensino público. Alckmin manda bater

São Paulo – O jornalista Caio Castor foi um dos detidos por “desacato” a policias na manifestação de sexta-feira (9). Antes de ser levado ao 78º DP, teve seu equipamento de trabalho danificado. O professor da escola Raul Fonseca, no bairro da Saúde, também foi conduzido à delegacia, e depois liberado. Alguns de seus alunos chegaram a ir até a repartição e descreveram o que aconteceu.

 

 

A forte presença policial no protesto da Paulista indica que o governo de São Paulo está incomodado. A manifestação que reuniu pelo menos mil estudantes e professores na Avenida Paulista, na região central de São Paulo, contra o fechamento de escolas estaduais pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), foi reprimida com violência.

A Tropa de Choque agrediu manifestantes com spray de pimenta e cassetetes. As pessoas foram presas sob alegação de que seriam black blocs.

O responsável pela operação, capitão Luiz Claudio dos Santos, afirmou que os três detidos eram black blocs que tentaram agredir policiais. Uma versão desmentida pela série de imagens que desde então circulam nas redes sociais. Segundo o capitão, um dos oficiais foi derrubado no chão e sofreu ferimentos no braço. Os manifestantes detidos foram encaminhados para o 78º Distrito Policial, nos Jardins, e devem ser liberados em seguida.

“Havia na Paulista, pela nossa contagem, umas 180 pessoas. Delas, 30 foram identificadas como arruaceiros, com rostos encobertos por máscaras. Esses foram monitorados, para evitar quebra-quebra. Durante a identificação, alguns manifestantes se insuflaram contra a Corporação. Um tenente está machucado”, disse o capitão. As 180 pessoas a que se refere o capitão também não se confirmam pelas imagens.

reprodução
Imagens da TV Globo mostram que estimativa de presença de estudantes na Paulista pela PM está errada

Levantamento parcial da Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), a partir de dados das próprias diretorias de ensino ligadas à Secretaria Estadual de Educação, indica que pelo menos 127 escolas serão fechadas, entre as quais escolas tradicionais, como a Escola Estadual Américo Brasiliense, no centro de Santo André, no ABC paulista. O número pode aumentar à medida que chegam novas informações.

A lista de escolas que estão sob risco de fechamento por Alckmin pode ser acessada no endereço: https://www.scribd.com/doc/284075250/Levantamento-fechamento-escolas, ou na página Não Fechem Minha Escola, no Facebook: http://migre.me/rKApd.

A presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), Ângela Meyer, questionou o governador na quarta-feira (7) sobre a decisão do fechamento das escolas. A resposta foi o silêncio. Alckmin ficou mudo diante da estudante.Veja o vídeo:

Em entrevista ao Portal Vermelho ela defendeu que, por trás dos argumentos de reorganização por conta da ociosidade, está uma prática de desmonte da educação pública, que, na sua avaliação, tem sido corriqueira nos últimos 20 anos de gestão tucana no estado.

“A reivindicação é que, em vez de fecharem 30% das escolas, haja um remanejamento dos estudantes dentro das salas de aula, com maior qualidade de aprendizado para o aluno, e retirando do professor a demanda de ensinar para turmas com mais de 40 pessoas, em apenas 50 minutos”, defendeu Ângela.

Esse é o segundo grande protesto contra a medida. O primeiro foi na terça-feira (6) com cerca de 500 alunos. Diariamente ocorrem pequenas manifestações em escolas e em frente à Secretaria da Educação, no centro, desde que a medida foi anunciada.

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