Dom Paulo sai em defesa de cardeal em nomeação de nova reitora da PUC-SP

Cardeal-arcebispo que criou regra de consulta à comunidade universitária afirma que dom Odilo Scherer não feriu a democracia ao escolher para o cargo candidata menos votada

São Paulo – O cardeal dom Odilo Pedro Scherer, presidente da Fundação São Paulo (Fundasp), divulgou nota do cardeal-arcebispo dom Paulo Evaristo Arns em defesa da escolha da professora de Letras Anna Cintra como reitora. Na breve mensagem, digitalizada e enviada pela assessoria de comunicação da Fundasp, o responsável pela criação, na década de 1970, do processo de escolha usado atualmente afirmou que deve “concluir para benefício de todos” que “a democracia foi respeitada pois cardeal dom Pedro Odilo Scherer escolheu um dos três professores da lista tríplice”. 

Na mesma nota, dom Odilo confirma que vai manter Anna Cintra como reitora, o que dá como nula a decisão do Conselho Universitário, principal órgão colegiado da PUC, que havia determinado a suspensão da posse após impugnar a candidatura da professora. A decisão foi tomada na quarta-feira (28), após duas semanas de greve de estudantes, funcionários e professores, que protestavam contra sua nomeação pois ela havia sido a menos votada pela comunidade acadêmica. “A Democracia na PUC-SP não foi sequer arranhada”, diz o texto da Fundasp. 

Desde Arns, o regimento da PUC-SP prevê que o presidente da fundação, que ocupa o cargo de Grão-Chanceler da universidade, escolha o reitor, a partir de uma listra tríplice de candidatos votados por professores, estudantes e funcionários. Ele tem direito de escolher qualquer um deles, já que, no estatuto, as votações são só consultas à comunidade. Tradicionalmente, entretanto, o Grão-Chanceler escolhe o mais votado, mas, neste ano, esse princípio não foi respeitado. A chapa de Anna Cintra foi a que recebeu o menor número de votos, atrás do professor de Economia Francisco Serralvo, que ficou em segundo lugar, e do professor de Direito Dirceu de Mello, que recebeu a maioria dos votos. Quando o cardeal nomeou Anna, o movimento estudantil paralisou as atividades da universidade, defendendo democracia na instituição e exigindo a reeleição de Dirceu.

“As normas Estatutárias emanadas aprovas pela Comunidade Acadêmica e pelo Egrégio Conselho Universitário foram observadas integralmente, nesse processo. A Autonomia da Universidade, consubstanciada no seu Estatuto, deve ser resguardada, não se admitindo a inversão da ordem jurídica interna, essa sim, golpe contra a autonomia universitária”, diz a nota de Scherer.

O Conselho Universitário é o órgão colegiado que encaminha à lista tríplice ao cardeal. Centros acadêmicos de faculdades apresentaram-lhe um pedido de impugnação da candidatura de Anna. O Conselho Universitário julgou, então, em 14 votos contra sete, que ela havia cometido uma quebra de decoro e suspendeu a posse, já que Anna, assim como os demais candidatos, assinou um termo em que se comprometia em não assumir o cargo caso fosse eleita sem a maioria dos votos.