Taxa de desemprego fica estável, mas ocupação cresce

Segundo o Dieese e a Fundação Seade, em 12 meses os sete locais pesquisados têm 761 mil ocupados a mais e 330 mil desempregados a menos; taxa em SP foi a menor em quase 20 anos

São Paulo – A taxa média de desemprego calculada pela Fundação Seade, de São Paulo, e pelo Dieese, em seis regiões metropolitanas e no Distrito Federal, teve leve recuo de março para abril, de 13,4% para 13,3%, bem abaixo do registrado em abril de 2009 (15,1%). A ocupação continua crescendo: foram criadas 130 mil vagas no mês passado (alta de 0,7%). Em 12 meses, o número de empregos abertos chegou a 761 mil, expansão de 4,1%. Se na comparação mensal o total de desempregados ficou praticamente estável (mil a menos), em 12 meses esse número cai 10,1%, com 330 mil desempregados a menos.

O economista Sérgio Mendonça, do Dieese, observou que as taxas de desemprego dos primeiros quatro meses deste ano foram menores do que em iguais períodos de 2009. A indústria é destaque, com crescimento anual de 7,5%, o correspondente a 206 mil vagas a mais. “A indústria está puxando o emprego para cima. A aceleração está mais rápida do que se previa”, afirmou. A construção civil também mostra forte crescimento em 12 meses (12,4%, com 137 mil vagas criadas), com destaque para as altas das regiões metropolitanas de Fortaleza (30,5%), Salvador (20,7%) e Recife (15,3%). “O emprego está crescendo de forma generalizada”, acrescentou o técnico.

Ele destacou ainda a expansão do emprego com carteira assinada, que ficou praticamente estável em relação a março, mas subiu 9,4% na comparação com abril do ano passado. Assim, em 12 meses os sete locais pesquisados têm um acréscimo de 776 mil postos de trabalho formais, enquanto os empregos sem carteira caem 3,2% (64 mil a menos) e os autônomos aumentam 1,9% (64 mil a mais).

O rendimento médio dos ocupados (R$ 1.230) caiu 0,9% de fevereiro para março e ficou estável na comparação anual.

Na região metropolitana de São Paulo, a taxa ficou relativamente estável, passando de 13,1% para 13,3%. Mesmo com a leve alta, é a menor taxa para abril em quase 20 anos (13,1% em 1991). A ocupação continuou crescendo, com abertura de 107 mil vagas no mês, mas 147 mil pessoas entraram no mercado de trabalho, aumentando em 40 mil o número de desempregados, apra 1,427 milhão. “O pequeno aumento do desemprego decorreu da volta de muita gente ao mercado, provavelmente em consequência do otimismo em relação à economia”, comentou o coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian.

Em 12 meses, 275 mil entraram no mercado (alta de 2,6%), que por sua vez criou 416 mil vagas (4,7%, a maior taxa nesse período). Com isso, o número de desempregados caiu em 141 mil (-9%).

Todos os setores criaram vagas em abril, lembrou Loloian: 49 mil em serviços, 27 mil no comércio, 11 mil na indústria e 20 mil em construção civil e no emprego doméstico. Em relação a abril de 2009, das 416 mil vagas abertas, 149 mil vieram da indústria (alta de 9,4%) e 138 mil, do comércio (10,2%). O emprego formal ficou estável no mês (0,2%), mas aumentou 10,8% em 12 meses, com 460 mil com carteira assinada a mais. Para Loloian, o maior crescimento do emprego sem carteira de março para abril (4%, ou 40 mil vagas) pode refletir certa insegurança com a crise europeia.

Mas para os próximos meses a expectativa é positiva, embora o técnico do Seade faça ressalvas. “Passada essa fase de recuperação dos empregos que a crise comeu, o crescimento vai ser mais lento. Provavelmente, os empregos não crescerão mais no mesmo ritmo”, afirmou Loloian, acrescentando que a taxa de desemprego deve cair daqui para frente.

Já para Sérgio Mendonça, do Dieese, a dinâmica do crescimento vai depender, basicamente, de dois fatores: investimentos e déficit externo. Ainda assim, as perspectivas continuam positivas. Segundo ele, o crescimento deste ano está garantido, a não ser que o euro “derreta”. “A crise mundial ainda não está resolvida”, observou. Mesmo assim, o economista acredita não ser impossível ver a taxa recuar para um dígito até o final do ano.

O tempo de procura de emprego em São Paulo manteve-se estável em 35 semanas.

Nova região

A partir deste mês, a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) inclui a região metropolitana de Fortaleza, aumentando o total de locais para sete. Com isso, mudou a distribuição no universo pesquisado. São Paulo agora concentra 48,6% dos ocupados e 46,3% dos desempregados; Belo Horizonte tem 11,9% dos ocupados e 8,7% dos desempregados; Porto Alegre, 9,6% e 7%, respectivamente; Salvador, 7,9% e 12,6%; Recife, 7,6% e 12,3%; Fortaleza, 8,1% e 6,1%; e Distrito Federal; 6,3% e 7,1%.

Com a inclusão de Fortaleza, as sete áreas pesquisadas por Seade e Dieese concentram 22,042 milhões na População Economicamente Ativa (PEA), 19,1 milhões de ocupados e 2,942 milhões de desempregados.