Salário mínimo de R$ 622 injetará R$ 47 bilhões na economia, segundo Dieese

O valor entra em vigor a partir de janeiro com o maior valor em relação ao preço da cesta básica desde 1979. Desde 2002, ganho acima da inflação de 65,96%

São Paulo – O novo salário mínimo de R$ 622 injetará aproximadamente R$ 47 bilhões na economia, segundo levantamento divulgado nesta terça-feira (27) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O decreto com o valor foi assinado pela presidenta Dilma Rousseff na sexta-feira (23) e publicado no Diário Oficial da União na segunda-feira (26). Ele entrou em vigor a partir do domingo, 1º de janeiro de 2012 e será pago a partir de fevereiro.

O valor representa aumento de 14,13% em relação ao atual valor, de R$ 545. O método usado para se definir o percentual leva em conta, pela primeira vez, a política de valorização do salário mínimo estabelecida no ano passado em medida provisória aprovada pelo Congresso, que consolida acordo fechado entre centrais sindicais e governo federal em 2006. O cálculo é feito com base na inflação do ano anterior, somado ao percentual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes (no caso, 2010). A mesma fórmula será aplicada até 2015.

O Dieese estima que, com a projeção de custo da cesta básica em R$ 276,31 para janeiro de 2012, o poder de compra do novo mínimo será de 2,25 cestas, a maior quantidade registrada desde 1979. Em 1995, por exemplo, a relação salário mínimo e cesta era de 1,02. O novo valor acumula ganho real (acima da inflação) desde 2002 de 65,96%.

A região responsável pela maior quantidade de ocupados que recebem até um salário mínimo é Nordeste, com 73,8%, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em todo o país, 50,6% recebem o piso, enquanto 34,8% ganham até dois salários e 14,6% têm rendimento maior do que esse valor. Ao todo, no país, 48 milhões de brasileiros recebem o mínimo.

Levando em conta a série histórica do salário mínimo, 2012 terá o maior valor real (descontada a inflação) da série de médias anuais desde 1984. Estima-se que a elevação deve atingir 68,2% do total de beneficiários da Previdência Social. O acréscimo de cada R$ 1 no mínimo tem impacto estimado de R$ 257 milhões ao ano sobre a folha de benefícios da Previdência. O custo adicional seria em torno de R$ 19,8 bilhões.

Já no setor público, o maior impacto do aumento no mínimo é observado nas regiões Nordeste e Norte, nas administrações municipais. O número de trabalhadores que ganha até um salário é pouco expressivo nas administrações federal e estaduais.