Metalúrgicos pedem vigilância ao cumprimento das medidas econômicas

São Paulo –  O pre­sidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, disse hoje (22) que recebeu bem as medidas de estímulo ao crédito anunciadas ontem pelo ministro da […]

São Paulo –  O pre­sidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, disse hoje (22) que recebeu bem as medidas de estímulo ao crédito anunciadas ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para incentivar o setor automotivo. “Há bastante tem­po a categoria alertava que eram necessárias mudanças no segmen­to e reivindicava do go­verno federal medidas como as que foram pro­postas para incentivar a produção no segmen­to”, disse ele. O dirigente ressal­tou que ainda será ne­cessário analisar com cuidado o anúncio do governo federal.

Para isso, Nobre convo­cou a categoria a parti­cipar da Comissão de Mobilização que se reunirá amanhã, às 18h, na sede da entidade, em São Bernardo do Campo, para debater a questão. “Tenho certeza que os com­panheiros receberam com alívio as declara­ções do ministro. Mas a categoria deve ficar atenta e vigilante para acompanhar o cumpri­mento das medidas”, disse.

Na avaliação do presidente da Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT-SP, Valmir Marques, o Biro-Biro, as novas reduções no IPI são positivas, porém, é fundamental que as montadoras cumpram as contrapartidas sociais, ou seja, “mantenham os empregos e estimulem a geração de novos postos de trabalho”.

Abrangentes e integradas

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também divulgou nota de apoio aos incentivos econômicos anunciados pelo governo. Segundo a entidade, “as medidas são abrangentes, integradas e importantes, envolvendo estímulos ao consumo, ao investimento e ao crédito através da redução da carga tributária, dos depósitos compulsórios e de taxas de juros para aquisição de bens de capital”. 

A nota destaca ainda que as medidas contribuirão para acelerar o crescimento, para a expansão do crédito a taxas maiores que o crescimento do PIB e para a continuada redução do spread bancário e do custo das operações de crédito. 

Medidas complementares

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que as medidas são importantes, mas pontuais e devem ser acompanhadas de ações de longo prazo. Segundo o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, os efeitos de uma desoneração tributária pontual não são amplos. “Temos de estender a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) a vários outros setores, atingindo as cadeias produtivas e não somente o produto final.” 

O dirigente alinhou como medidas complementares de longo prazo a completa desoneração dos investimentos e aperfeiçoamentos no sistema tributário que diminuam a carga de impostos.

Recuperação

O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, assegurou que as reduções de impostos para a compra de automóveis serão repassadas integralmente aos consumidores. A afirmação foi feita logo após o anúncio das medidas.

Segundo o dirigente da Anfavea, a desoneração do IPI, uma das medidas anunciadas pelo governo, mais os descontos sobre os preços de tabela prometidos pelas montadoras, permitirão que os carros populares fiquem quase 10% mais baratos. 

Para veículos de até 1.000 cilindradas, o IPI será reduzido em 7 pontos percentuais. Somada ao desconto de 2,5% sobre o preço de tabela acertado entre as montadoras e o governo, a redução para o consumidor totalizará 9,5%. Os veículos entre 1.000 e 2.000 cilindradas movidos a álcool ou flex terão o imposto diminuído em 5,5 pontos. Para o mesmo tipo de automóvel movido a gasolina, a redução corresponderá a 6,5 pontos. Utilitários e veículos comerciais pagarão 3 pontos percentuais a menos de IPI.

Para Belini, a medida representa uma oportunidade para o setor automotivo recuperar as vendas, que estão diminuindo desde o início do ano. “Sem dúvida, o pacote de estímulos atende à demanda do setor. A indústria está com estoques altos, e as medidas vão destravar o crédito.”

Durante o detalhamento das medidas, Mantega cobrou que as montadoras não demitam e repassem as reduções de impostos. “É um compromisso. A indústria automotiva nunca descumpriu um acordo. Eu confio na Anfavea e também nos bancos (que se comprometeram a liberar mais crédito para a compra de veículos)”, destacou o ministro.

Comércio

Em nota conjunta com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), entidade representante de mais de 800 mil estabelecimentos comerciais em todo o país, afirmou que as medidas anunciadas pelo governo são “bastante positivas”.

O presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, destacou que as medidas devem produzir impacto positivo no varejo já a partir de junho, culminando em vendas maiores no “Dia dos Namorados”, na primeira quinzena do mês.

“A expectativa é que a data mostre um dinamismo melhor do varejo, compensando em parte uma pequena frustração que tivemos com as vendas do Dia das Mães, que, apesar de ser a segunda melhor data do varejo para o ano, vieram na ordem de 4% maiores, a despeito de uma previsão inicial de um crescimento de pelo menos 5% feita pela CNDL e pelo SPC”, disse o dirigente lojista.

O presidente do SPC Brasil, Roberto Alfeu, afirmou que a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) deverá incentivar um maior volume de transações e ampliar a capacidade do empresário em conceder crédito para operações no varejo.

“Essa redução de 2,5% para 1,5%, ainda que tímida, já deverá ser sentida muito em breve no comércio, porque ela ocorre simultaneamente com a redução de juros dos bancos públicos e privados, o que é um grande incentivo ao consumo interno.”

Os dirigentes também se dizem otimistas com o impacto do pacote na massa salarial e na geração de empregos no mercado de trabalho, que serão os principais pilares econômicos de sustentação do crescimento interno, a exemplo do que ocorreu entre 2003 e 2007.

“Essa é uma resposta adequada às pressões externas que o Brasil está sofrendo, com esse impasse na Grécia e a indefinição de um crescimento mais vigoroso nos países compradores e parceiros do Brasil no mercado externo”, disse Alfeu.

Com informações da Agência Brasil e Sindicato dos Metalúrgicos do ABC