Futuro

Ministro da Agricultura diz que desmatamento tornou Brasil um pária. ‘Vamos ser a produção agrícola mais sustentável do mundo’

Presente à posse, ministro do STF Gilmar Mendes afirmou que quem perdeu a disputa deve “eventualmente chorar e se preparar para novas eleições”

Reprodução/Twitter
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São Paulo – Fortalecer a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi o primeiro compromisso assumido pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, senador pelo PSD mato-grossense. Segundo ele, a Embrapa foi “a grande responsável para que o Brasil se tornasse um player quase incomparável na produção de alimentos”. Mas agora é preciso recuperar a imagem do país, que se tornou um “pária” internacional por causa do desmatamento.

“Há condição de produzir com sustentabilidade. Este é o maior desafio (…) Vamos abrir a porta para o crescimento sustentável da produção brasileira”, afirmou o ministro ao tomar posse, na tarde desta segunda-feira (2). Em vários momentos de seu discurso, Fávaro enfatizou a importância do setor no combate à fome.

Ele afirmou também que não haverá conflitos com colegas de ministério – citou Marina Silva (Meio Ambiente) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). “Posso aqui adiantar para vocês: todos vão se surpreender, porque estamos do mesmo lado”, disse Fávaro. “Queremos e vamos ser a produção agrícola mais sustentável do mundo.”

Para ele, precarizar o combate ao crime ambiental significar “matar a galinha dos ovos de ouro e o futuro das próximas gerações”. O Brasil é um bom produtor de alimentos, acrescentou o ministro, porque tem todas as condições para isso: gente, máquinas, sementes, terras propícias, tecnologia. “Mas de nada valeriam todos esses ativos se não tivéssemos o principal: clima, chuva, abundância de estabilidade climática.” Ele disse ainda que é possível aumentar a área de plantação sem derrubar árvores.

“Temos 30 milhões, talvez 40 milhões de hectares pastagens degradadas, que podem ser incorporadas, graças à ciência, à Embrapa, que descobriu a forma de recuperar os solos. Por que estão assim? Por alta de investimento.” Assim, é possível pensar em um programa de crescimento em torno de 5% ao ano. Com isso, “em 20 anos dobraremos a área plantada sem derrubar uma árvore sequer, gerando oportunidade, renda emprego pras pessoas, fartura de alimentos, sustentabilidade”.

Gilmar Mendes e a liberdade de expressão

Antes do novo titular da Agricultura, um dos que fizeram uso da palavra foi o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mato-grossense, que falou em desenvolvimento social e tecnologia. Podemos ser um país que se jacta, e de fato é, o maior produtor de grãos do mundo, e pessoas passando fome”, afirmou.

Ele pediu respeito aos “dissensos”, mas acrescentou que “a liberdade de expressão não pode colocar em xeque a democracia”. Assim, acrescentou, quem governa “precisa de paz e não de conflitualidade”. Aos quem perde, Mendes sugeriu: “Lambe as feridas, eventualmente chorar e se preparar para novas eleições” ‘quem governa precisa de paz e não de conflitualidade”. O ministro disse que a Constituição está prestes a completar 35 anos. Parece pouco, mas “é o mais longo período de normalidade institucional da vida republicana começada em 1889”.

Portos e Aeroportos

Além de Fávaro na Agricultura, quem também assumiu hoje foi o ex-governador de São Paulo e ex-prefeito de São Vicente Márcio França (PSB). Ele defendeu que o Porto de Santos passe a ter o nome de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, cujo corpo está sendo velado no estádio de Vila Belmiro. A posse foi prestigiada pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, do mesmo partido.

Segundo ele, processos de privatização no setor serão reavaliados. Mas as concessões já homologadas não serão revistas.