Ministério de Minas e Energia defende aumentar em 15 vezes área para etanol

Cultivo de cana tem potencial de produção 15 vezes maior, afirma ministro (Foto: Assai Souza/Sxc.hu São Paulo – O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, […]

Cultivo de cana tem potencial de produção 15 vezes maior, afirma ministro (Foto: Assai Souza/Sxc.hu

São Paulo – O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Almeida, defendeu que as terras destinadas à produção de etanol sejam aumentadas em 15 vezes. “O Brasil produz etanol com qualidade de forma sustentável. Hoje, temos o potencial de produzir 15 vezes mais na área, passando de 0,5% para 7,5% do território cultivado”, afirmou nesta segunda-feira (13) ao participar da Feira Internacional do Petróleo e Gás, no Rio de Janeiro.

Na realidade, segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE, o cultivo de cana ocupa 2,5% das áreas agricultáveis brasileiras. O IBGE coletou dados de 2006. Como, de lá para cá, o etanol foi mais incentivado, pode-se dizer que a área cultivada com cana-de-açúcar não se reduziu.

Almeida não considera que o aumento da área cultivada de etanol possa prejudicar o cultivo de alimentos no país. O atual zoneamento territorial brasileiro veta o plantio de cana no Pantanal mato-grossense, na Amazônia e no Alto Paraguai. “Um estudo demonstra que estão disponíveis para expansão 12% das áreas no Brasil que não são utilizadas para produção de grãos, não são para produção de etanol, pastagens e não são áreas não agricultáveis como cidades e reservas ambientais”, defende o representante de Minas e Energia.

O Censo Agropecuário, por outro lado, afere que a cana já vinha avançando, em 2006, sobre as áreas de laranja, com as duas culturas disputando os mesmos espaços, em especial no interior de São Paulo. O IBGE assinala também em seu estudo que, à medida que ganha força o etanol, os produtores com menos capacidade de capitalização se veem alijados do setor.

Almeida aponta que o governo federal tem planos de incentivar a classificação do álcool combustível como commoditi, o que significa que o produto básico será cotado no mercado internacional, incentivando a formação de novos mercados e o aumento do consumo. “Um problema qualquer que tivermos, com o clima, por exemplo, teremos dificuldade de atender às demandas internacionais, o que não é bom. É fundamental que vários países participem do programa do etanol”, defendeu.

O relator da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Direito à Alimentação, Olivier de Schutter, manifestou em março deste ano que dificilmente os camponeses e os trabalhadores urbnaos serão beneficiados por tal medida. Schutter considera que, pelo contrário, pode aumentar a pressão sobre áreas de produção de alimentos. Ele lembrou que não é compatível que o agronegócio receba tanto dinheiro na comparação com a agricultura familiar, que ocupa menos áreas para produzir mais alimentos. “O Brasil aposta no modelo exportador, com a expansão da soja e do etanol de cana-de-açúcar como principais prioridades, entretanto ainda resta avaliar os efeitos distributivos deste modelo”, assinalou.