O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da  Fazenda, Guido Mantega, perderam a oportunidade de explicar à população por que os órgãos que comandam são contrários a que os bancos paguem aos poupadores diferenças decorrentes Planos Bresser (1987) e Verão (1989).

As maiores autoridades monetárias do país não compareceram a uma audiência pública convocada pela Comissão de Defesa do Consumidor na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (5). Nem encaminharam representantes. O economista-chefe da Federação dos Brasileira dos Bancos (Febraban), Rubens, compareceu em nome de Fábio Barbosa, presidente do Santander e da entidade.

Sardenberg, porém, deixou a audiência sem informar o número real de ações ingressadas pelos poupadores contra os bancos e o montante financeiro que elas representam.

O custo potencial das decisões judiciais, estimado pelas instituições financeiras, estaria entre R$ 105 bilhões e R$ 180 bilhões, bem distante dos R$ 8,8 bilhões provisionados nos balanços dos sete maiores bancos do país no ano passado para todas as ações cíveis a que respondem na Justiça (que incluem as das perdas da poupança).
Todas as decisões judiciais até o momento favorecem os poupadores, mas a Febraban continua protelando a questão.

Para o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino, que falou na audiência, os bancos têm obrigação e condições de pagar o que devem aos poupadores por terem empregado uma interpretação inadequada as correções devidas na ocasião dos pacotes. “Os bancos provisionaram como créditos de liquidação duvidosa valores muito acima do exigido pelo BC e muito abaixo do que divulgaram como necessário para honrar as ações. Logo, têm condições de ressarcir os clientes”, disse.

Apesar da ausência das autoridades e da protelação dos bancos, Marcolino avalia que a audiência proposta pelo Legislativo dá maior dimensão, e mais publicidade, às discussões sobre as perdas com os planos econômicos tomaram proporções públicas.
A Comissão de Defesa do Consumidor informou vai convocar, e não mais convidar, Henrique Meirelles e Guido Mantega para uma nova audiência.

Representantes de órgãos de defesa do consumidor, entre eles o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), que desenvolve ação conjunta com o Sindicato dos Bancários, também participaram.

Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo