governo interino

Meirelles diz contar com apoio do Congresso e da população para medidas duras

Em sua primeira entrevista coletiva, ministro da Fazenda afirma que sociedade está preparada para ouvir 'avaliação realista' do que é necessário para a volta dos empregos e da recomposição da renda

Marcelo Camargo / ABr / Fotos Públicas

Meirelles: debate sobre medidas será intenso e quem se sentir prejudicado vai se manifestar sem problema

São Paulo – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse hoje (13), em sua primeira entrevista coletiva, que espera que medidas duras que podem ser adotadas pelo governo de Michel Temer na economia tenham respaldo do Congresso e da população. “O Congresso reflete a sociedade brasileira em última instância e minha impressão é que a sociedade está preparada para ouvir uma avaliação realista, correta do que é necessário para a volta dos empregos e da recomposição da renda.”

No início da manhã, em entrevista do programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, o ministro falou em cortar privilégios de quem não precisa, como as desonerações tributárias às empresas, adotadas pelo governo Dilma. Na coletiva, ao voltar ao tema, o ministro disse que nesse caso serão respeitados direitos adquiridos e acordos em andamento.

Indagado quanto às manifestações contra medidas do novo governo, já que reformas da Previdência e trabalhista estão em sua perspectiva, Meirelles disse que os protestos fazem parte da democracia e da liberdade de opinião. “Não há preocupação de que não podem ocorrer, isso pode ocorrer, mas tem de prevalecer o interesse da sociedade no final do processo. Não dá para agradar a todos ao mesmo tempo. O debate sobre medidas será intenso e quem se sentir prejudicado vai se manifestar sem o menor problema.”

Meirelles disse que o mais importante problema a ser enfrentado é a queda dos investimentos e a diminuição da capacidade de oferta da economia, que em um “quadro de deterioração” permitiu que a inflação subisse mesmo com a demanda caindo. “O fator principal da queda de confiança é a crise política, e também a capacidade do Estado de continuar se financiando a longo prazo”, afirmou, em referência à dívida pública.

Segundo o ministro, o governo apresentará “medidas concretas” para reverter o quadro recessivo. “O problema não é o prazo das medidas, mas o prazo de sua implementação.” Ele também defendeu que as medidas devem ser “consistentes, para serem tomadas e não serem revertidas”.

Novo presidente do BC

O novo presidente do Banco Central (BC) será anunciado na segunda-feira (16). “Não será de manhã, mas vamos fazer em horário que não atrapalhe o fechamento dos jornais. Vão ter de trabalhar acelerado, mas nem tanto”, disse Meirelles, que presidiu o BC durante o governo Lula. Antes, eçe havia dito que na segunda-feira anunciará os nomes da equipe, “sejam os mais relevantes, e o que interessa saber, como os secretários e presidentes do Banco Central e dos bancos estatais”. Meirelles adiantou apenas o nome de Tarcísio José Massote de Godoy, que volta à Secretaria-Executiva da pasta, depois de ter ocupado esse posto durante a gestão do ex-ministro Joaquim Levy.

Meirelles manteve o compromisso do governo com as reformas previdenciária e trabalhista, ecoando a fala de Temer, ontem, ao assumir o comando do governo. “Vamos deixar claro quais são as reforma necessárias, mas mais importante do que saber o benefício ou a idade é ter segurança de que vai receber a aposentadoria, o sistema tem de ter sustentabilidade ao longo do tempo, mesmo que o governo tenha de fazer aportes, mas com equilíbrio fiscal. Está na pauta de prioridades e vamos consolidar os estudos”, afirmou. Sobre a reforma trabalhista, Meirelles foi na mesma linha: “A reforma trabalhista é a mesma coisa, para aumentar a produtividade da economia. Vamos negociar, entrar no detalhe e negociar com segurança”.