Mantega: novos recursos a FMI dependem de ampliação do papel dos emergentes

Ministro da Fazenda critica ainda papel do Banco Mundial, sempre comandado por indicados dos Estados Unidos, e que não resolveu a situação dos pobres

São Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou hoje (16) a postura de condicionar a liberação de dinheiro para o Fundo Monetário Internacional (FMI) a uma reforma da instituição. “Se os recursos adicionais se transformarem em aumento das cotas, podemos fazer o aporte”, disse durante entrevista a jornalistas em Brasília. Desde o ano passado, quando concordou com a necessidade de aumentar o caixa do FMI, o governo brasileiro trabalha a posição de que uma participação financeira maior precisa corresponder a um aumento no direito de decidir sobre os rumos da organização.  “(O FMI) dá sinais de que não vai cumprir a agenda que nós aprovamos”, acrescentou.

No ano passado, os países do G-20 concordaram em promover um aporte extraordinário de US$ 600 bilhões à instituição multilateral como forma de ajudar as nações europeias em crise. Para o Brasil, porém, o caminho adotado por aqueles países para tentar sair da recessão é equivocado, e faltam garantias de que o dinheiro não será dado a fundo perdido. “Os europeus têm que colocar mais recursos que os emergentes, afinal eles estão criando a crise e têm mais recursos dos que nós”, criticou Mantega. “Sinto reticência dos países europeus. Eles querem o dinheiro mas não querem levar avante as reformas”, acrescentou.

Banco Mundial

Os comentários foram feitos ao abordar a eleição para a presidência do Banco Mundial. O Brasil apoiou a ex-ministra de Finanças da Nigéria Ngozi Okonjo-Iweala, derrotada pelo norte-americano de origem sul-coreana Jim Yong Kim. Mantega recordou que o órgão, criado em 1944, sempre foi dirigido por alguém escolhido pelos Estados Unidos, situação que se repetiu hoje. 

“E não houve grandes progressos na melhoria da situação dos países pobres. Tem de haver uma ação mais forte, determinada e enfrentar as questões de pobreza com mais energia”, disse. “Queremos uma participação mais efetiva e influenciar nas decisões de onde e como o banco vai atuar, para quem vai emprestar dinheiro, de que forma fará suas intervenções para combater a pobreza e para melhorar o atendimento de saúde e a educação dos países pobres.”