'Hora de baixar'

Integrantes do ‘Conselhão’ manifestam preocupação com taxa de juros

Colegiado formado por empresários, sindicalistas, banqueiros e movimentos sociais enviaram carta pública ao presidente e diretores do Banco Central cobrando redução da taxa de juros para “retomar a atividade econômica, gerar emprego e renda”

Agência Brasil/Revista Fórum/Divulgação
Agência Brasil/Revista Fórum/Divulgação
"É hora de baixar os juros para retomar a atividade econômica, gerar emprego e renda. É urgente uma política monetária adequada', destaca o documento

São Paulo – Membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável (CDESS) manifestaram preocupação sobre a taxa de juros praticada pelo Banco Central. Em meio à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nesta quarta-feira (21), que definirá se a Selic continuará em 13,75%, um grupo de 51 integrantes do Conselhão enviou uma carta pública ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, e aos diretores cobrando uma redução.

“É hora de baixar os juros para retomar a atividade econômica, gerar emprego e renda. É urgente uma política monetária adequada’, destaca o texto subscrito por empresários, como Luiza Trajano e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes. Formado em abril pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o colegiado é integrado também por sindicalistas, banqueiros, indígenas, intelectuais, estudantes, cientistas, produtores rurais e movimentos sociais do campo e da cidade.

O Conselhão chegou ser extinto pela gestão de Jair Bolsonaro, mas foi recriado com objetivo de assessorar o presidente na formulação de políticas e diretrizes, além de elaborar indicações normativas, propostas políticas e acordos de procedimento. Para o grupo, agora, a redução da taxa de juros é crucial para o país. “Sem o qual o Brasil não poderá voltar a crescer”, advertem.

País em risco

O documento também foi comentado pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que ressaltou que a taxa de juros atual “não faz sentido neste momento positivo da economia, em que o país dá claras demonstrações de comprometimento com a questão fiscal. Nada justifica o Brasil seguir com o título de campeão mundial de juros reais”, compartilhou Padilha em seu Twitter. “O mundo já percebeu que o Brasil voltou. Agora, precisamos contar com esse reconhecimento, também, por parte do Comitê de Política Monetária do BC, para que reduza a taxa Selic, ajudando o Brasil a voltar a crescer”, acrescentou.

No início do mês, a empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, também criticou a manutenção da alta e cobrou diretamente o presidente do BC um sinal de queda. O pedido foi feito durante evento do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV). “A nossa realidade é diferente, o varejo puxa tudo, a indústria, a produção. Estamos tendo excesso de produto, as indústrias não têm onde colocar, nem sempre esse remédio amargo também resolveu a inflação. Já tivemos muito remédio amargo, se estou defendendo é pela pequena e média empresa. Queria pedir, por favor, para dar um sinal de (que vai) baixar esses juros”, cobrou.

Na ocasião, Campos Neto se defendeu e fugiu da promessa. Mas ouviu o alerta de Trajano de que “vai ter muito gente quebrada”, caso uma redução significativa não aconteça.

Expectativas

A crítica já havia sido assinalada pelo presidente da CUT, Sérgio Nobre, ainda no lançamento do Conselhão.”É criminosa a postura do Banco Central de manter a taxa Selic nas alturas. É preciso ajustar a meta inflacionária e reduzir imediatamente as taxas de juros. Sem o que o esforço governamental e empresarial se reduz a enxugar gelo”, destacou a entidade.

Na semana passada, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, chegou a afirmar que, se fosse de competência do governo federal, o presidente do BC já teria sido trocado. Ontem (20), trabalhadores protestaram em todo o país as altas taxas de juros.

Apesar das críticas, analistas do mercado não acreditam que a instituição financeira anuncie nesta quarta uma redução da Selic. Uma mudança é esperada somente para reunião do Copom em agosto, sob um corte de 0,25 ponto percentual.