São Paulo – A Petrobras informou nesta sexta-feira (17) que sugeriu ao Ministério de Minas e Energia manter a privatização de ativos da estatal com contratos já assinados. Além disso, a estatal disse ainda que “os processos em que não houve contratos assinados seguirão em análise”. Trata-se de uma resposta ao ofício do ministério, no início do mês, determinando a suspensão por 90 dias da venda de ativos da companhia.

“O governo Lula precisa assumir a Petrobras”, reagiu o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar. “A companhia continua sendo conduzida pela administração bolsonarista, que corre contra o tempo para tocar a privatização de ativos”, acrescentou.

Ele lembra que a diretoria da Petrobras indicada pelo novo governo ainda não foi nomeada, em função de trâmites internos. A estatal marcou para 27 de abril a data da Assembleia Geral Ordinária (AGO), quando os acionistas se reúnem para aprovar o novo Conselho de Administração (CA) da empresa.

“Até lá, permanece no comando da companhia diretores e conselheiros da gestão anterior, embora já tenha quase três meses de governo Lula”, reclama Bacelar. Ainda assim, o dirigente disse que é “muito estranho” e “surpreendente” que a estatal tenha deliberado sobre a questão complexa tão rapidamente.

Liquidação

Entre os ativos que a Petrobras pretende se desfazer, está a refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), no Ceará. O pré-contrato com a empresa Grepar Participações foi assinado em maio do ano passado, no valor de US$ 34 milhões. No entanto, o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), afirma que a Lubnor pode valer de US$ 62 milhões a US$ 70 milhões.

Além disso, a estatal também pretende concluir a venda dos polos de exploração de petróleo Norte Capixaba, Golfinho e Camarupim, no Espírito Santo. E e os polos Pescada e Potiguar, no Rio Grande do Norte. Somente pelo polo Potiguar, a 3R Petroleum pretende pagar US$ 1,38 bilhão. No entanto, o histórico recente de ativos que foram vendidos abaixo do valor de mercado levanta novas suspeitas.

Hoje, em reunião do conselho deliberativo da FUP, os petroleiros decidiram encaminhar ao governo proposta para que a União – acionista controladora da Petrobras – oriente seus representantes no CA da empresa a votarem pela suspensão das privatizações já no próximo encontro do colegiado.