São Paulo – A Federação Única dos Petroleiros (FUP-CUT) contestou dados do balanço anual da Petrobras divulgados nesta semana, que revelou recordes de produção e lucro operacional de mais de R$ 17 bilhões, porém registrou desvalorização de ativos de R$ 21 bilhões. Para os petroleiros, os números são contraditórios e atendem aos planos de desinvestimento da gestão Pedro Parente, que busca abrir espaço às petroleiras internacionais na exploração do pré-sal. 

Para se contrapor aos dados oficiais, os petroleiros realizaram transmissão via internet, acompanhados da assessoria econômica da FUP. Para o economista Cloviomar Cararini, as perdas com a desvalorização de ativos – os chamados impairments – são 18 vezes maiores do que as registradas por corrupção. “Por três anos consecutivos, a companhia apresentou prejuízos e neste período realizou impairments de R$ 112 bilhões.” Já as perdas com corrupção relacionadas a Lava Jato foram contabilizadas em R$ 6,2 bilhões pela própria empresa. 

“A mudança no preço do barril não foi tão grande, nem no câmbio. Então a gente avalia que são questionáveis a forma e os parâmetros que a empresa usa para fazer a avaliação dos seus ativos”, detalhou o economista, em entrevista à repórter Viviane Nascimento, para o Seu Jornal, da TVT. 

A avaliação é endossada pelo coordenador da FUP, José Maria Rangel. “É uma falácia dizer que o problema da Petrobras é corrupção. Não é. Essa é uma estratégia deliberada para enfraquecer a Petrobras e fazer o que estão fazendo agora: a abrir o pré-sal para as empresas multinacionais – a Shell, a Esso, a Statoil – que estão desinvestindo, lá fora, para investir no pré-sal brasileiro e nós estamos vendendo pré-sal brasileiro pra eles. Tem alguma coisa errada, não tem?”, questionou.

De acordo com balanço apresentado pela companhia, houve queda de 32% nos investimentos em 2016, o que afeta negativamente a economia do país e contribui para o aumento do desemprego. Apenas no ano passado, a Petrobras reduziu em 12% o número de empregados.