Especialistas defendem que governo Dilma priorize pesquisa de biocombustíveis de segunda geração

Tecnologias para extrair etanol de celulose e outros tipos de matéria orgânica podem tirar vantagem do Brasil no longo prazo, diz especialista (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil-Arquivo) São Paulo – […]

Tecnologias para extrair etanol de celulose e outros tipos de matéria orgânica podem tirar vantagem do Brasil no longo prazo, diz especialista (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil-Arquivo)

São Paulo – O investimento em tecnologias de segunda geração de biocombustíveis deve ser uma das prioridades do próximo governo, avalia o presidente da Associação Brasileira de Estudos em Energia (AB3E), Edmar de Almeida. Ele defende ainda que a decisão sobre a matriz de combustíveis usados no futuro deve ser estratégica e tomada de forma racional, sem deixar que a disputa de mercado “canibalize” a escolha.

As declarações foram feitas após evento promovido pela entidade em conjunto com a Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE). Segundo a Agência Brasil, o presidente da AB3E criticou o fato de a política brasileira de produção de etanol ainda estar voltada às tecnologias de primeira geração, com base no caldo da cana, em vez de buscar soluções mais avançadas, a partir de celulose e de outros materiais orgânicos.

Segundo ele, países desenvolvidos apostam nesse tipo de tecnologia, que tem maior potencial de produção. “Nos últimos anos, os Estados Unidos passaram o Brasil na produção de biocombustíveis”, alerta Almeida. Na prática, o representante do setor defende que o Brasil precisa entender que a vantagem na produção do etanol a partir da cana-de-açúcar não é eterna nem está 100% garantida. “Por isso, é importante olhar para as novas tecnologias e atrair empresas que conhecem essas novas tecnologias de segunda geração”, sugere.

Em relação à definição da matriz de combustíveis, Almeida destaca que há risco de “canibalização” na disputa entre o etanol, a gasolina, o gás natural veicular (GNV) e o óleo diesel, oferecidos em postos de abastecimento do país. “É importante que haja uma orientação da política energética sobre a matriz de combustíveis que se espera no futuro, e não deixar isso apenas para uma disputa dos diferentes grupos de interesse”, recomenda.

Pós-sal

Além de falar sobre biocombustíveis, Almeida sustenta que o setor espera a retomada das licitações nas áreas de concessão que estão fora do pré-sal. Ele avalia que o país ficou centrado no debate do novo marco regulatório das reservas localizadas abaixo da camada de sal sob o oceano, deixando as demais áreas em segundo plano. Os pesquisadores do setor energético temem que essas áreas percam importância na agenda governamental a partir de 2011.

Com relação ao uso de máquinas, componentes e tecnologias nacionais, Almeida disse que “as políticas que estão sendo pensadas até agora vão na boa direção para aumentar o conteúdo local e desenvolver a indústria de fornecedores”. Mas ele acredita que as açãoes ainda são insuficientes.

Com informações da Agência Brasil