Selic

Copom faz terceiro corte seguido, e taxa de juros cai para 12,25%

Membros do comitê falam em nova redução no próximo encontro e pedem “serenidade e moderação”. Sindicalista afirma que é preciso manter a pressão para que os juros caiam mais

Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Sede do BC: juros caíram, mas continuam altos

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central confirmou as expectativas e reduziu a taxa básica de juros (Selic) em meio ponto percentual, para 12,25%. Foi o terceiro corte seguido, levando a taxa ao menor nível em um ano e meio. A decisão foi unânime. Os integrantes do comitê preveem ainda redução “de mesma magnitude” na próxima reunião, a última do ano, marcada para 12 e 13 de dezembro.

Durante um ano, até agosto, a Selic foi mantida em 13,75%. Desde janeiro, com a mudança de governo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, passou a ser alvo de críticas pela manutenção dos juros em patamar alto, apesar da queda contínua da inflação. Vários integrantes do governo criticaram publicamente o economista, e entre os movimentos sociais foram constantes os pedidos pela sua saída.

No anúncio feito após o encerramento dos dois dias de reunião, o Copom voltou a falar em “serenidade e moderação” na política monetária. A avaliação é de que o processo “desinflacionário” tende a ser mais lento. Sobre os riscos, o Copom cita “maior persistência das pressões inflacionárias globais” e “resiliência” na inflação de serviços.

Decisão prejudica a economia

Para a Força Sindical, a redução foi “extremamente tímida”, mantendo os juros em “patamares proibitivos”. Assim, faltou “ousadia a favor do Brasil”.

“Entendemos que, com esta pequena queda, o Banco Central perdeu uma ótima oportunidade de fazer uma drástica redução na taxa básica de juros. A queda da Taxa Selic está acontecendo de forma muito lenta com excesso de gradualismo conservador, o que irá prejudicar a economia neste final de ano. (…) Os juros altos consomem e restringem consideravelmente as possibilidades de crescimento do país”, afirma, em nota, o presidente da central, Miguel Torres. 

“Como sociedade civil organizada, como trabalhadores e trabalhadoras, precisamos manter a pressão para que a Selic caia ainda mais”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice da CUT, Juvandia Moreira. “Se puxarmos o histórico, veremos que as decisões do Copom são sempre baseadas no mercado e não nos interesses da população e do desenvolvimento do país. Essa inflexão, portanto, é fruto dessa clareza que a população vem ganhando sobre a obrigação dessa entidade nos rumos da economia do país”, acrescentou.