Copom aponta alta de salários como motor do crescimento no trimestre

Apesar de queda da inflação, Copom ainda vê necessidade de juro alto

São Paulo – Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira (16), o BC, apesar de reconhecer a queda da inflação e melhora do cenário, argumenta que faltam sinais mais claros de que as pressões sobre altas de preço estejam realmente arrefecendo. Há sinais de que o crescimento da economia brasileira, em um cenário internacional de retração e incertezas, deva ser assegurado pela expansão da massa salarial e do crédito.

O documento revela a avaliação dos diretores do BC, que participam das reuniões do Copom e decidem os rumos da taxa Selic – juros básicos da economia. Na última reunião do Copom, realizada na semana passada (dias 7 e 8), a taxa foi elevada de 12% para 12,25% ao ano, na quarta alta consecutiva – todas durante o governo da presidenta Dilma Rousseff.

“O conjunto de informações disponíveis sugere persistência da alta de preços observada em 2010, processo liderado pelos preços livres, que em parte se reflete no fato de a inflação dos serviços seguir em patamar muito elevado”, sustenta o texto. “Embora incertezas crescentes que cercam o cenário global e, em escala bem menor, o cenário doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões inflacionárias recentes, o comitê avalia que o cenário prospectivo para a inflação mostra sinais mais favoráveis.”

O Copom lista indicadores que sugerem retração da indústria, mas acredita que a expansão do crédito e da massa salarial deva contribuir para manter o crescimento da economia no trimestre. “O Comitê entende que o dinamismo da atividade doméstica continuará a ser favorecido pelo vigor do mercado de trabalho, que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em substancial crescimento dos salários”, resume.

A ata sustenta ainda que a expansão da massa salarial real nas seis regiões metropolitanas – de 4,3% em abril, ante igual mês de 2010, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – segue como “fator-chave” para manter o avanço do crescimento da demanda doméstica.

Gasolina mais cara

A projeção do Copom para o aumento do preço da gasolina neste ano subiu de 2,2% para 4%. Para o botijão de gás, o BC mantém a expectativa de que não haverá aumento de preços neste ano. As projeções de reajuste das tarifas de telefonia fixa e de eletricidade, para o acumulado em 2011, foram mantidas em 2,9% e 2,8%, respectivamente.