Otimismo

Confiança do consumidor atinge maior nível desde 2019

Economista da FGV destaca queda na inflação, recuperação dos salários e Desenrola Brasil como fatores que contribuíram para a melhora das expectativas entre os consumidores

Tânia Rego/Agência Brasil
Tânia Rego/Agência Brasil
Otimismo é maior entre consumidores de renda mais alta, enquanto mais pobres ainda sofrem com dívidas e juros altos

São Paulo – O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) registrou alta de 2,5 pontos em julho em relação ao mês anterior, para 94,8 pontos. Essa é a terceira alta consecutiva e o melhor resultado desde janeiro de 2019, quando o índice marcou 95,3 pontos. O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, atualizou o índice nesta terça-feira (25).

Para a economista Anna Carolina Gouveia, responsável pela divulgação do ICC, o resultado foi impulsionado especialmente pelo aumento do otimismo em relação aos próximos meses. Ela atribui essa boa avaliação à queda da inflação, à recuperação da renda do trabalho e às expectativas em torno do início do Desenrola Brasil, programa do governo para renegociação de dívidas.

Ao mesmo tempo, o Índice de Situação Atual (ISA), que mede a percepção do consumidor sobre o momento presente, avançou 1,1 ponto, para 76,8 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE), registrou alta ainda maior – 3,4 pontos – chegando a 107,4 pontos, maior marca desde janeiro de 2019 (108,5).

A economista ressalta que a melhora foi disseminada entre os diferentes quesitos analisados na pesquisa. Os indicadores que medem a situação econômica geral da família, por exemplo, subiu 5,5 pontos, chegando a 123,9 pontos, melhor resultado desde fevereiro de 2019. Do mesmo modo, o índice que mede a situação financeira futura subiu 3,7 pontos, para 105.

Ressalvas

Os pesquisadores da FGV alertam, no entanto, que a evolução da confiança do consumidor registrou perda de ritmo em relação a junho, quando o ICC havia registrado alta de 4,4 pontos em relação a maio. Além disso, a recuperação da confiança do consumidor neste ano tem sido puxada especialmente pelas famílias de renda mais alta. As famílias de renda mais baixa ainda não conseguiram recuperar o nível de confiança pré-pandemia, o que pode estar relacionado ao alto nível de endividamento, reflexo, entre outros, da alta dos juros e do aumento da inflação registrado anteriormente.