Inflação

Custo da cesta básica sobe na maioria das capitais em 2014

Preços da carne bovina e do pão francês aumentaram em todas as cidades pesquisadas pelo Dieese. Comprometimento do salário mínimo com cesta básica foi de 48%; em 1994, era de 102%

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Arroz teve altas de 25,73% em Aracaju, 18,42% em Salvador e 14,75% em Curitiba. Preço só caiu em Belém (-4,99%)

São Paulo – O valor da cesta básica aumentou, em 2014, em 17 das 18 capitais pesquisadas pelo Dieese. A exceção foi Natal, onde o preço recuou 1,7%. Em três cidades, a alta superou os dois dígitos: Brasília (13,79%), Aracaju (13,34%) e Florianópolis (10,58%). Em São Paulo, a alta foi de 8,24%, e no Rio, de 7,13%. As menores variações foram em Belo Horizonte (1,22%) e Salvador (1,01%). Segundo o instituto, os preços de dois produtos, carne bovina e pão francês, subiram em todos os locais. Arroz e café em pó aumentaram em 17 capitais. E o feijão caiu em todas.

Em dezembro, a cesta mais cara foi a de São Paulo: R$ 354,19. Com base nesse valor, o Dieese calculou em R$ 2.975,55 o salário mínimo necessário para o consumo básico do trabalhador e de sua família. A quantia equivale a 4,11 vezes o mínimo oficial em vigor até o ano passado (R$ 724). A  proporção aumentou tanto em relação a novembro (4,04 vezes) como na comparação com dezembro de 2013 (4,08). O menor valor da cesta básica foi apurado em Aracaju (R$ 245,70).

No ano passado, em média, era necessário 48% do salário mínimo para a compra da cesta básica. Em 1994, esse comprometimento era de 102%, ou seja, o mínimo era insuficiente para adquirir uma cesta. Agora, com o piso oficial é possível comprar duas.

Produto de peso na cesta básica, a carne bovina teve variações de até 27,71% no ano passado, caso de Belém. “No início do ano, a estiagem e a crescente exportação de carne encareceu o produto no mercado interno e no segundo semestre, devido à entressafra, o preço também se elevou na maior parte dos meses”, informa o Dieese. “Além disso, custo de reposição tem sido alto, o que dificulta a compra do bezerro por parte do produtor.”

No caso do pão francês, que teve a maior alta em Aracaju (23,33%), o instituto atribui o aumento ao seu principal insumo, o trigo. “O grão, antes importado da Argentina, passou a ser comprado no Canadá e Estados Unidos, onde é mais caro, o que, somado à desvalorização cambial, encareceu as importações. Também houve problemas na safra brasileira na região sul. Além disso, outros aumentos de custos, como energia elétrica, acabaram tendo impacto sobre o preço do pão”, diz o Dieese.

O arroz teve altas de 25,73% em Aracaju, 18,42% em Salvador e 14,75% em Curitiba. O preço só caiu em Belém (-4,99%). “Forte demanda do grão, aumento da exportação e a negociação dos produtores para manter os preços elevados influenciaram no valor do arroz no varejo”, comenta o instituto.

O custo do café também só recuou em uma capital pesquisada, Vitória (-1,65%). Subiu 21,8% em Aracaju, 16,71% em João Pessoa, 13,49% em Goiânia, 11,46% em Recife e 10,78% em Fortaleza. “As altas do café ocorreram com maior intensidade nos últimos quatro meses do ano, em virtude da expectativa da menor safra brasileira. A estiagem do início do ano também comprometeu o desenvolvimento dos pés de café.”

Já o feijão caiu em todas as cidades. O tipo preto recuou 18,55% em Vitória, enquanto o carioquinha caiu 33,78% em Manaus. “O bom desempenho das safras elevou a oferta do grão e diminuiu o preço dos dois tipos de feijão.”