Brasil deve comprar 80% da energia de usinas no Peru

Acordo firmado entre os países prevê hidrelétricas na amazônia peruana com financiamento do BNDES e recursos de empreiteiras brasileiras. No total, seriam 6 mil megawatts gerados

Os ministros de Minas e Energia do Brasil, Edison Lobão, e do Peru, Pedro Sanches, definiram termos de acordo de integração energética em reunião nesta sexta-feira (7) no Rio de Janeiro. Em discussão estão 6 mil megawatts produzidos por cinco usinas hidrelétricas em território peruano, dos quais 20% ficariam no país e os outros 80% seriam exportados ao Brasil.

Inicialmente estavam em discussão seis usinas – Inambari (2 mil megawatts), Sumabeni (1.074 megawatts), Paquitzapango (2 mil megawatts), Urubamba (940 megawatts), Vizcatán (750 megawatts) e Cuquipampa (800 megawatts). No anúncio dos avanços nas conversações, não foram anunciadas quais seriam de fato construídas.

O Memorando de Entendimento prevê estudos de viabilidade logística e financeira para a construção a um custo estimado de US$ 12 bilhões a US$ 16 bilhões. Com prazo até o fim deste ano, a realização dos estudos fica a cargo de um consórcio formado pela Eletrobrás e as empreiteiras Andrade Gutierrez, OAS e Odebrecht e a Engevix – empresa de engenharia consultiva.

Além das empresas brasileiras, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiaria as obras, com custo estimado de US$ 4 bilhões. A negociação prossegue e só deve ser concluída em 2010. Se os prazos se cumprirem, a previsão anunciada por Lobão é de que a primeira esteja pronta em 2015.

“Estamos atendendo interesses geopolíticos que são também da Argentina, do Uruguai, do Paraguai, do Peru e assim por diante”, afirmou Lobão. Ele lembrou ainda que há discussão com a Argentina para a construção de uma hidrelétrica na fronteira.

O encontro do Rio dá continuidade a dois acordos. O primeiro é o Convênio de Integração Energética firmado em maio durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Peru. O outro é o Memorando de Entendimento assinado em abril, em Rio Branco (AC),  pelos presidentes dos dois países.

Do lado peruano

Segundo Pedro Sanches, ministro de Energia do Peru, existe grande expectativa em seu país para a construção das hidrelétricas, mas ele reconheceu que existe preocupação. “Um dos temas que preocupa sempre à sociedade é a parte da energia que se produz no local e o tema ambiental”, apontou. “Com esses dois fatores cobertos, não vejo problema”, disse Sanchez a jornalistas após a reunião.

Em julho, os governos brasileiro e paraguaio anunciaram acordo sobre ao excedente da energia gerada por Itaipu que cabe ao Paraguai. O acerto permite ao país vizinho negociar com outras nações a energia, mas a Eletrobrás continua a adquirir toda a produção não consumida.

Sanches afirmou que as leis ambientais do Peru são tão rígidas quanto as do Brasil, mas não deve haver problemas para a aprovação da construção das usinas pelo Congresso do país.

Fonte: Reuters e Agência Brasil

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