‘BC liberal’ perde poder no governo Dilma, diz economista

Condução liberal da economia perdeu espaço após a crise de 2008 (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil-Arquivo) Porto Alegre – A condução do governo Dilma Rousseff na economia deve mostrar maior preocupação […]

Condução liberal da economia perdeu espaço após a crise de 2008 (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil-Arquivo)

Porto Alegre – A condução do governo Dilma Rousseff na economia deve mostrar maior preocupação com aspectos fiscais e monetários do que no governo atual, avalia Adalmir Marchetti. Ainda segundo o professor da Pontífice Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em entrevista ao Sul21, o Banco Central deve perder espaço para o Ministério da Fazenda na decisão dos rumos da área nos próximos anos.

Ao manter o ministro Guido Mantega no posto, a petista tranquiliza o mercado e demonstra que não pretende alterar o modelo mantido por Lula. Entretanto, a troca na presidência do Banco Central (BC), com a saída de Henrique Meirelles e a ascensão do gaúcho Alexandre Tombini é um sinal de que nem tudo ficará inerte na área.

Na avaliação de Marchetti, o BC saiu perdendo com a crise internacional do final de 2008. “Um efeito importante da crise foi ter colocado em xeque a concepção mais liberal de funcionamento da economia (com menor intervenção do Estado). O Banco Central, que defendia essa idéia, perdeu poder. A saída de Meirelles é um indicativo disso”, explica.

Marchetti, especialista em crescimento econômico, projeta que haverá maior aproximação entre as políticas fiscal e monetária. “No governo Lula, a política fiscal era mais expansiva, voltada para o estímulo ao crescimento, e a política monetária era mais voltada ao combate da inflação. Com Dilma, ela passará a olhar para outros fenômenos”, arrisca.

O professor do Programa de Pós-Graduação em economia da PUC-RS especula ainda que o alinhamento entre as duas diretrizes poderá alterar o comportamento da taxa de câmbio e resultar em uma redução da taxa Selic – índice determinado pelo governo, que baliza as taxas de juros cobradas no país. “Não é algo automático, que vá acontecer já em janeiro. Talvez tenhamos uma queda rápida, mas será fruto de um processo.”

Fonte: Sul21