Para estimular concorrência, BC promete divulgar juro pago por grandes empresas

Taxa Referencial Brasileira será calculada a partir de setembro, com a média do que os bancos cobram das maiores companhias privadas no país. Medida era estudada há pelo menos um ano

A partir de setembro, a Taxa Preferencial Brasileira deve monitorar operações de crédito (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

São Paulo – O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, anunciou que o Banco Central pretende elaborar e divulgar, a partir de setembro, a Taxa Preferencial Brasileira. Serão monitoradas operações de crédito concedido a grandes empresas que, por serem consideradas pelos bancos como as melhores pagadoras, pagam as taxas mais baixas por empréstimos.

O Brasil possui a maior taxa básica real da economia do mundo, segundo corretoras de valores. A Selic está atualmente em 12,5%, e os percentuais aplicados sobre crédito nos bancos é muito superior. As grandes empresas são, na visão dos bancos, os clientes que apresentam menores riscos de inadimplência. Por apresentarem riscos menores, conseguem taxas de juros mais baixas.

Durante seminário promovido pela autoridade monetária nesta sexta-feira (12), Tombini observou que cálculos semelhantes são realizados por bancos centrais de outros países, no que é conhecido internacionalmente como “taxa prime“. O indicador representa a média de juros mais baixa paga em um país e permite comparações com outros segmentos, como as famílias e as pequenas empresas, por exemplo.

A intenção é estimular a concorrência entre bancos. “A criação desta referência permitirá que as demais taxas do sistema possam ser comparadas com essa”, disse. “Com isso, esperamos também uma maior concorrência do sistema bancário.”

A medida era estudada há pelo menos um ano. Com a medida, o BC tenta mostrar que a taxa de juros praticada pelos bancos no Brasil não é tão alta quanto indicam comparações entre países. Por não haver um indicador com os clientes preferenciais, os dados divulgados são médias gerais, para pessoas jurídicas e para as famílias. 

Estudos do Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2009 colocavam a margem aplicada pelos bancos brasileiros entre a captação e os empréstimos (spread) como a segunda maior do mundo. Enquanto as empresas do setor financeiro atribuem a larga margem a riscos de instabilidade na economia, sindicatos de bancários e outros críticos apontam que se trata de excessiva voracidade para lucrar com operações de crédito.

Com informações da Agência Brasil