Inflamável

Auxílio de R$ 400 é esmola, afirma líder dos caminhoneiros, que cobra fim do PPI

Wallace Chorão (Abrava) diz que caminhoneiros não têm mais condições de rodar. Para Carlos Litti (CNTTL-CUT), alta do frete vai acabar no prato do brasileiro

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Chorão conta que colegas de profissão estão encostando seus veículos, por conta da alta do diesel

São Paulo – Como medida desesperada para tentar conter os impactos da alta dos combustíveis, o governo Bolsonaro pretende criar um auxílio de R$ 400 por mês aos caminhoneiros. Além disso, afirmou que também pretende ampliar o vale-gás. As propostas surgiram em reunião entre o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ontem (21). As duas medidas devem ser incluídas na proposta de emenda à Constituição (PEC) que compensa estados que zerarem o ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha.

O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, disse que Lira, que lidera essa articulação, deveria consultar um “amigo caminhoneiro” para “não passar vergonha”. “O caminhoneiro não precisa de esmola. Nós precisamos de dignidade”, rebateu Chorão, em vídeo publicado nas redes sociais nesta quarta-feira (22).

Ontem, Chorão também participou do programa Debate Petroleiro, da TVT (assista abaixo), e criticou as sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis. “Não tem mais condições de rodar. Encontrei vários amigos caminhoneiros, muitos pararam seus caminhões. Estão trabalhando de celetista ou por comissão, ganhando R$ 80, R$ 90, por viagem.”

Ele também disse que Bolsonaro “mente” ao tentar transferir à Petrobras a responsabilidade pela alta dos combustíveis. E criticou as constantes trocas no comando da estatal, sem que houvesse mudança na política de Preço de Paridade Internacional (PPI). “A gente fica vendo o governo federal nesse troca-troca, já é o quarto presidente da Petrobras. Agora vem o Caio Paes de Andrade. Deixo a pergunta: colocando o Caio, vai cair o preço dos combustíveis ou ele vai ser o próximo presidente a cair?”

Entreguismo

Também na TVT, o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL-CUT)) Carlos Alberto Litti Dahmer afirmou que Bolsonaro ataca a Petrobras com o objetivo de privatizá-la. Nesse sentido, ele lembrou que o PPI é uma decisão administrativa da estatal. Dessa maneira, é decisão do governo fazer ou não alterações. “Quem tem a caneta para resolver é Bolsonaro, que nomeou seis dos 11 conselheiros da Petrobras. Essa falta de coragem, essa falta de comprometimento com o povo brasileiro tem nome: é Jair Messias Bolsonaro.”

Assim, Litti destacou que os recentes aumentos nos combustíveis vão provocar novo encarecimento dos custos do frete para os caminhoneiros. Como resultado, ele prevê o “aumento da carestia para o povo brasileiro”. “Isso acaba no prato do povo brasileiro, daqueles que ainda conseguem comer”, afirmou. Por outro lado, ele criticou os lucros exorbitantes que a Petrobras vem distribuindo aos acionistas, em função do PPI. “O que estão fazendo com a Petrobras é coisa de bandido, crime de lesa-pátria”, acusou.

Na última sexta-feira (17), a Petrobras anunciou reajuste de 14,26% no preço do diesel e 5,18% na gasolina. Já na segunda (20), no entanto, a estatal realizou o pagamento de cerca de R$ 24 bilhões em dividendos para os seus acionistas. Desse total, cerca de um terço (R$ 8,8 bilhões) vai para os cofres da União. O restante é dividido entre acionistas privados estrangeiros, que são a maioria, e os brasileiros.

Assista ao Debate Petroleiro – Petrobras e a greve dos caminhoneiros


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