Apesar da crise, liberalismo não vai entrar em recesso, diz Sérgio Sister

Organizador de livro sobre a crise econômica com artigos e entrevistas de economistas e expoentes políticos, o jornalista lembra que diagnóstico de que faltou regulamentação não evita futuras 'bolhas'

Apesar da crise econômica internacional, o liberalismo econômico tem grande capacidade de se modificar e não está liquidado, destaca o jornalista Sérgio Sister. Ele é o organizador do livro “ABC da Crise“, publicado pela editora Perseu Abramo com artigos e entrevistas de economistas e políticos sobre as origens e desdobramentos da crise econômica.

Na prática, a análise, detalhada por um dos autores, o economista Carlos Eduardo Carvalho, serve como alerta de que ações de governo pautadas pela desregulamentação voltem a ganhar espaço. “Nada garante que não se criem novas bolhas e novas crises”, resume Sister.

O objetivo da obra, segundo ele, é oferecer um panorama da crise sem recorrer ao “economês”, permitindo que o leitor compreenda os motivos que levaram a economia global à recessão a partir de setembro de 2008. “A tentativa era elucidar, como são artigos escritos no calor da hora, há visões diferentes”, sustenta.

O ponto em comum entre autores como Paul Krugman, Luiz Gonzaga Belluzzo, Guido Mantega e Ricardo Berzoini, é a crítica à “unidade liberal” de pensamento que predominava antes da eclosão da crise. A crítica central é à falta de regulamentação dos mercados, apontada como uma das principais causas da bolha da especulação imobiliária e no mercado de produtos estruturados (como os derivativos de crédito negociados em bolsas de valores).

Para Sister, pouca gente tinha dimensão do tamanho da crise, mas a parte de esclarecimentos sobre as origens e os desdobramentos interncionais se confirmaram. Nas previsões para a economia brasileira, alguns dos articulistas apontavam o risco de surtos inflacionários, por exemplo, o que não se confirmou. Outros aspectos, como queda das exportações e a avaliação de que a resposta do governo brasileiro foi ágil também compõe o quadro desenhado pelos analistas.