Fórum Mercosul

Agronegócio, sozinho, não fará crescer economia do país, diz embaixador

Para Samuel Pinheiro Guimarães, indústria é deixada de lado enquanto país continua a exportar produtos primários

CC / wikimedia

País deve fazer mudanças em modelo econômico e fazer agronegócio ser apenas um dos setores componentes

São Paulo – Começou na quarta-feira (23), em Palmas, Tocantins, a 14ª edição do Congresso Internacional do Fórum Universitário do Mercosul, uma rede acadêmica que se reúne anualmente para discutir e analisar o processo de integração do bloco. Para o ex-secretário geral do Itamaraty e ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo Lula, Samuel Pinheiro Guimarães, o agronegócio não é um caminho para o crescimento dos países do Mercosul. Para ele, este é um ramo importante da economia, mas que precisa se desenvolver.

“Exportamos ferro para a China, por exemplo, e importamos trilhos de trem. O processo de desenvolvimento econômico é o processo de transformação de recursos naturais, se não ficamos no estágio de produtor primário, onde há muita flutuação de preços, com tendência histórica ao declínio. Hoje não ocorre por causa da demanda chinesa, mas pode se reverter de novo”, disse à Rádio Brasil Atual.

O esforço que os países da Europa e os Estados Unidos fazem para reativar sua economia e emitindo moedas, causando a desvalorização, favorece a exportação destes países e desfavorece as nossas, segundo o embaixador, além de provocar mudança da balança comercial desfavorável e afetar os países do Mercosul negativamente.

“Se de um lado ajuda a combater a inflação, por outro tempo prejudica a indústria, é obvio. Os produtos que vem da China, por exemplo, afetam nossa indústria. E há desvios de investimentos para área agrícola e para a mineração serem mais lucrativa que a industrial. E a área industrial que é competitiva, porque afeta a integração. À medida que setores industriais diminuem nos países, fluxos comerciais diminuem também, e isso diminui crescimento dos países”, afirma.

Ele ressalta que o agronegócio não gera tantos empregos como o setor industrial. “O setor do agronegócio é um setor muito mecanizado. Basta olhar para a televisão os anúncios do Banco do Brasil, você não vê ninguém, só a plantação e a máquina. Não emprega muitas pessoas, é muito mecanizado. A industria é muito mais diversificada, ela se multiplica, nada de moderno existe na agricultura que não seja industrial.”

Ouça aqui a reportagem de Marilu Cabañas.

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