Ouro negro

Petrobras e FUP minimizam influência do preço do petróleo no pré-sal

Cotação do barril chegou a preocupantes US$ 42,69, mas estatal brasileira afirma que está aumentando a sua capacidade de produção de petróleo e gás no pré-sal

Ichiro Guerra/PR

Segundo estatal, produção no pré-sal em julho foi volume 6,9% superior ao produzido no mês anterior

São Paulo – Apesar da queda do preço do barril de petróleo ter levado a cotação do barril (tipo Brent) a preocupantes US$ 42,69 na segunda-feira (24), a Petrobras afirma que está aumentando a sua capacidade de produção de petróleo e gás no pré-sal brasileiro de modo economicamente viável. A afirmação procura desmentir a alegação de que a perda de valor do “ouro negro” no mercado internacional poderia tornar difícil a manutenção dos projetos do pré-sal. Hoje o preço teve ligeira recuperação (1,87%) e fechou em US$ 43,49.

“A produção da companhia e seus parceiros no pré-sal, em julho, foi de 798 mil barris de óleo por dia (bpd), volume 6,9% superior ao produzido no mês anterior. No dia 8 de julho, foi alcançado recorde diário de produção de 865 mil bpd”, afirma a companhia. Segundo a estatal, a produção no mês passado chegou a 2,796 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), 3,6% superior à registrada em julho de 2014 (2,699 milhões de boed).

O secretário de Relações Internacionais da Federação Única dos Petroleiros, João Antônio de Moraes, minimiza as especulações do mercado segundo as quais as operações do pré-sal ficarão comprometidas se a queda do preço do barril continuar. Segundo essas avaliações, o valor de US$ 40 a US$ 41 por barril é o “piso” ou limite para que a produção do pré-sal se mantenha viável.

“É lógico que, para a Petrobras, mas também para todas as petroleiras, a queda do preço causa problema econômico. No entanto, dizer que existe um problema econômico é muito diferente de afirmar que o pré-sal fica inviabilizado”, diz Moraes.

Há exatamente um ano, o barril valia R$ 102,65. Há um mês, no dia 24 de julho, o valor era de US$ 55,02.

Segundo Moraes, o raciocínio tem de levar em conta uma ponderação que não aparece nos números: o fato de que, quanto mais baixa a produção no país, maior seriam os gastos com importação. “Se o preço baixo do barril causa problemas às petroleiras, enquanto nação o debate é um pouco diferente. Para importar, nós gastamos divisas brasileiras em dólar. Para produzir no pré-sal, gastamos real”, resume.

Na opinião do dirigente, é preciso levar em conta os interesses nacionais, conjugados com os da Petrobras. “Se não produzirmos aqui, temos que importar e gastar divisas. Nosso custo de produção no pré-sal hoje é 9 dólares por barril, bem distante dos 40 ou 50 dólares do valor do barril no mercado internacional.”

Para Moraes, é necessário considerar ainda que a economia brasileira não é dependente do petróleo como outros países, o que torna o problema do preço do barril menos impactante. “Não temos a dependência do valor de petróleo como tem a Venezuela, por exemplo, ou a Arábia Saudita, o Iraque, o Irã. Nossa economia não depende de vender petróleo. Depende do petróleo apenas para ser utilizado por nós aqui dentro. Não somos exportadores de petróleo.”

Em 2014, o Brasil gastou US$ 15,87 bilhões com a importação de petróleo cru, contra uma receita de US$ 16,36 bilhões com exportações.

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