Petróleo

Para Lula, clima eleitoral atrapalha reconhecimento de sucesso do leilão

Ex-presidente acredita que Libra é 'oportunidade excepcional' de desenvolvimento e afirma que algumas pessoas têm vergonha de reconhecer mérito da operação

Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Lula se encontrou com o primeiro-ministro de Portugal por cerca de uma hora em Lisboa

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu hoje (22) a um sentimento de vergonha as críticas ao leilão do campo de Libra, do pré-sal, realizado ontem no Rio de Janeiro.  “Acho uma bobagem muito grande as pessoas terem vergonha de ficarem felizes. A verdade é que o leilão de Libra foi uma coisa extremamente importante, a participação das empresas estrangeiras deu muita seriedade ao leilão, acho que é uma oportunidade excepcional de desenvolvimento ao Brasil”, disse, durante breve entrevista coletiva em Lisboa depois de se reunir com o primeiro-ministro de Portugal, Passos Coelho.

“Pelo fato de estarmos entrando no ano eleitoral tem pessoas que têm vergonha de reconhecer os méritos do leilão de Libra, que foi extraordinário”, acrescentou o ex-presidente, quando questionado sobre se os recursos do pré-sal serviriam simplesmente para o governo fazer caixa.

Hoje, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) voltou a dizer que o governo do PT vem provocando danos à Petrobras, embora seja saudável que tenha admitido, tardiamente, na visão dele, a necessidade de atração do investimento privado. Ecoando o discurso levantado pela mídia tradicional, o possível candidato tucano ao Palácio do Planalto em 2014 se saiu com a explicação econômica para o leilão: “Cada vez fica mais claro. O objetivo do leilão de Libra, feito às pressas, foi poupar o governo de fazer uma nova maquiagem contábil”, disse. “Precisamos reestatizar a Petrobras e entregar a Petrobras de volta aos brasileiros.”

Nos cálculos da administração Dilma Rousseff, o modelo de partilha aprovado durante o último mandato de Lula garantirá R$ 1 trilhão ao longo de 35 anos, entre royalties, pagamento de direitos da União na extração e Fundo Social do Pré-Sal. Educação e saúde receberão R$ 736 bilhões no total, com 75% para a primeira e 25% para a segunda. Do Fundo Social, R$ 368 bilhões, a metade, serão injetados em combate à pobreza e em projetos de cultura, esporte, ciência e tecnologia, meio ambiente, e da mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

O megacampo de Libra, localizado a 170 quilômetros do estado do Rio de Janeiro, na Bacia de Santos, tem área de 1,5 mil quilômetros quadrados, e é o maior já ofertado em um leilão de petróleo no mundo, com reservas estimadas entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris de petróleo. A ANP estima que, em seu pico de produção, sejam extraídos diariamente 1,4 milhão de barris de óleo, cerca de dois terços do total da produção atual de todos os campos do país (2 milhões de barris por dia).

O bloco foi arrematado por Petrobras (40%), em parceria com  a francesa Total (20%), a anglo-holandesa Shell (20%) e as chinesas CNPC e CNOOC (10% cada). Quando a cotação do barril estiver entre US$ 100 e US$ 120, o consórcio pagará 41,65% do excedente de óleo bruto ao Estado brasileiro – abaixo disso, o valor cai. O bônus de assinatura, previsto pelo edital de venda, prevê o depósito de R$ 15 bilhões pelas empresas vencedoras.

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