Estreia

Superprodução nacional mostra a corrida do ouro em Serra Pelada

Filme de Heitor Dhalia tem Juliano Cazarré, Júlio Andrade, Wagner Moura, Matheus Nachtergaele e Sophie Charlotte no elenco

© Reprodução

Formigueiro humano. Lama. Precárias escadas penduradas em morros vermelhos. Soterramentos. O cenário do filme Serra Pelada é uma reprodução bem fiel do ambiente em que mais de 100 mil homens se aventuraram na década de 1980 em busca de ouro, no sul do Pará. Na estética e no clima tenso, o que se vê no filme de Heitor Dhalia (Cheiro do Ralo, À Deriva e Nina), que chega aos cinemas nesta sexta (18), é um pouco do que foi a maior corrida do ouro da era moderna.

A ficção conta a história de dois amigos de infância que saem de São Paulo para procurar ouro em Serra Pelada, uma das maiores minas a céu aberto do mundo. Depois de ser demitido, o professor Joaquim (Julio Andrade) deixa para trás a mulher grávida para tentar garantir a ela e ao filho um futuro melhor que o dele. Já o lutador de boxe Juliano (Juliano Cazarré) é do tipo que não tem nada a perder.

Juntos, fazem uma espécie de sociedade e a amizade é arruinada pelo dinheiro e a ambição. As diferenças entre Joaquim e Juliano se acirram quando o ex-professor tenta convencer o amigo a voltar para São Paulo já que eles já têm uma soma considerável. Joaquim se vê, então, como refém da ambição de Juliano, que se transforma em um gângster, fica milionário e acaba batendo de frente com os poderosos locais: Lindo Rico (Wagner Moura) e o Coronel Carvalho (Matheus Nachtergaele), que também é seu rival na disputa pela prostituta Tereza (Sophie Charlotte).

Mais de 1.600 figurantes participaram das filmagens feitas em São Paulo, Mogi das Cruzes e Paulínia (SP) e Belém do Pará. Além de efeitos de pós-produção para mostrar a grandiosidade do local e do tema, Dhalia também utilizou imagens de arquivo da época. O resultado é a nítida sensação de que as cenas que mostram aqueles milhares de homens em Serra Pelada no longa-metragem são apenas aquelas reais, que se via nos jornais dos anos 1980.

Da ideia de contar esta história até o filme chegar ao cinema, foram cinco anos de trabalho, dois deles em produção, e apenas cinco semanas e meia de filmagem. Durante o lançamento do longa, no Rio de Janeiro, Heitor Dhalia falou de lembranças das imagens que reproduziu: “Me lembro até onde estava: era um apartamento de três quartos. A TV ficava no quarto do meio. Era uma coisa do Brasil grandioso, da corrida pelo ouro. As imagens eram marcantes e aquilo ficou na minha cabeça. Quando fiquei mais velho, reencontrei essas imagens nas fotografias de Sebastião Salgado. E nunca mais tinha pensado nisso até o dia em que resolvi fazer o filme”, lembra.

Aventura, amizade, amor, traição, violência, fortuna, cobiça… Serra Pelada tem todos os ingredientes dos bons filmes de faroeste, além de servir para relembrar o que foi a “febre do ouro” na floresta amazônica. Cenário impecável e elenco de peso – em especial os personagens principais – tornam o filme imperdível, assim como a direção de fotografia de Lito Mendes da Rocha. O uso um tanto exagerado de flashbacks não chega a tirar nenhuma estrela do filme, que é uma espécie de fábula da ambição humana transcorrida em um ambiente real.

FICHA TÉCNINCA
Direção
: Heitor Dhalia
Roteiro: Vera Egito e Heitor Dhalia
Produtores: Tatiana Quintella, Heitor Dhalia e Wagner Moura
Direção de fotografia: Lito Mendes da Rocha
Direção de Arte: Tulé Peake
Montagem: Márcio Hashimoto Soares
Música: Antonio Pinto
Produção de elenco: Francisco Accioly e Anna Luiza Paes de Almeida
Maquiagem: Siva Rama Terra
Pós-produção: Renato Tilhe
Figurino: Bia Salgado

Elenco
Juliano Cazarré – Juliano
Júlio Andrade – Joaquim
Wagner Moura – Lindo Rico
Matheus Nachtergaele – coronel Carvalho
Sophie Charlotte – Tereza
Eline Porto – Izabel
Liu Arisson – Marcelo
Edmilson Cordeiro – Josias
Silvero Pereira – Severino