Rio de Janeiro

Festival reúne o cinema produzido nas periferias do Brasil

Mostra 'Visões Periféricas' faz homenagem ao funk e exibe 96 filmes independentes que apresentam os múltiplos olhares das periferias brasileiras. Evento também promove debates e oficinas

Divulgação

Curta-metragem ‘Elekô’, do grupo Mulheres de Pedra, trata sobre ser negra e mulher

São Paulo – A cidade do Rio de Janeiro sedia de 18 a 23 de agosto a 9ª edição do festival Visões Periféricas, que exibe 96 filmes independentes em salas de cinema, cineclubes e na internet. A proposta da mostra é oferecer um painel que amplie e problematize esteticamente a noção de periferia com obras que representem a diversidade do país por meio da produção audiovisual. Neste ano, o evento homenageia o funk carioca.

Os filmes selecionados, feitos por realizadores, coletivos e estudantes de treze estados do Brasil, têm plataformas, formatos, linguagens, narrativas, estéticas e duração distintas. Eles estão divididos em quatro mostras competitivas – Visorama, Fronteiras Imaginárias, Cinema da Gema e Tudojuntoemisturado – e três não-competitivas – Panorâmica, Lugar Incomum e Singular Periferia.

Das 96 produções, 15 fazem parte da Mostra Tudojuntoemisturado, com filmes de até cinco minutos produzidos por meio de dispositivos móveis e que podem ser assistidos e receberão voto do público apenas pelo site do festival. Os outros 81 filmes serão exibidos em 17 pontos diferentes, entre salas de cinema e cineclubes de vários bairros da capital carioca, na Baixada Fluminense e em algumas cidades do interior do estado.

O festival será aberto nesta terça-feira (18) no espaço Oi Futuro Ipanema, com a estreia nacional do documentário Funk Brasil – 5 Visões do Batidão. Com cinco episódios dirigidos por Luciano Vidigal, Marcelo Gularte, Júlio Pecly, Paulo Silva, Rodrigo Felha, Christian Caselli e Cavi Borges, o longa-metragem traça um painel que apresenta a história do funk desde seu surgimento, as equipes de som até a influência e a importância do movimento na formação e afirmação da identidade cultural nas comunidades cariocas.

“O funk, como uma legítima expressão da cultura da periferia, sofreu muito preconceito ao longo dos anos e hoje é patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro. Ele rompeu barreiras sociais, é produzido no Brasil inteiro e pode ser ouvido até na novela das oito. Nada mais justo do que valorizar este movimento de resistência, que representa a legítima cultura da periferia”, afirma Marcio Blanco, idealizador do festival.

A participação internacional se dá na Mostra Colômbia, que exibe curtas-metragens produzidos nas periferias do país e que contará com a presença de uma delegação de 18 produtores de audiovisual da cidade de Medellín.

Além dos filmes, o evento promove uma série de debates e duas oficinas gratuitas, de som para imagem e de animação. Em parceria com a Biblioteca Parque Estadual, a mostra também realiza o III Deseducando o Olhar – Seminário de Educação em Audiovisual, que deve reunir realizadores, pesquisadores e representantes do governo para refletir sobre a importância da diversidade de olhares no audiovisual para a disseminação de ideias e o fortalecimento de identidades.

“O Visões Periféricas é o único com este perfil no Brasil e é realizado com regularidade há quase uma década, o que não é algo trivial. Ele mostra a produção destes territórios e valoriza os realizadores, independentemente de onde sejam. Nosso interesse é visibilizar uma estética viva, real e íntima das periferias e isto acaba sendo o nosso diferencial”, diz Blanco.

Confira a programação completa do festival no site www.visoesperifericas.org.br. Todas as sessões serão gratuitas e terão distribuição de senhas.