São Paulo – Começou ontem, oficialmente, a 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, mas é partir desta sexta-feira (20) que os cinéfilos começam suas maratonas com a agenda completa, sessões que começam por volta das 13h e vão até as 22h durante a semana e das 11h às 22h30 aos fins de semana. Até 1° de novembro, os “mostreiros” poderão circular por 24 salas de cinema, além de exibições especiais em CEUs e também on-line, nas plataformas do SPCine Play, Itaú Cultural Play e Sesc Digital.

Serão 365 filmes de 96 países, seguindo o padrão da Mostra. Entre os selecionados, obras premiadas em grandes festivais, alguns inéditos e também muitas homenagens. Em particular, dois grandes artistas receberão os louros desta edição. O cineasta italiano Michelangelo Antionioni e o dramaturgo brasileiro José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, que morreu em julho, após incêndio em São Paulo. Então, é impossível não dar destaque para 25, de Zé Celso e Celso Luccas. A obra, que fala sobre colonialismo e independência, faz parte da Mostra. Ela entrou para o circuito, inédita, na primeira edição do evento, em 1977.

A diretora da Mostra, Renata de Almeida, celebra mais um ano de um evento potente, um dos maiores do país. Em tempos de vídeos curtos em redes sociais, Renata ressalta a relevância do cinema e como a obra de Antonioni dialoga com o momento. “A atualidade do poeta da incomunicabilidade e da alienação, como muitos chamam Antonioni, não surpreende na era da ultra conectividade. Mas ao contrário da rapidez das redes sociais, o cinema nos dá o tempo da reflexão, transforma números em pessoas e nos mostra que habitantes de um determinado lugar não são os seus péssimos líderes ou ditadores.”

Relevância e contemporaneidade

A Mostra segue essencial para São Paulo e, seguramente, levará filas para os cinemas que participam do evento. Algumas sessões especiais trazem atrações imperdíveis. É o caso da presença do cineasta Emir Kusturica, da Bósnia. Ele apresentará, pessoalmente, sua obra Undergroud: Mentiras de Guerra, de 1995. A temática não poderia ser mais relevante: os absurdos das guerras. Kusturica ainda será homenageado com o Prêmio Leon Cakoff (idealizador do evento, morto em 2011), além de participar do júri.

Cinema e alcance

Durante a pandemia de covid-19, a Mostra manteve sua programação em duas edições por streaming. Em tempos duros, brasileiros de outras cidades agradeceram a possibilidade de assistir às obras de suas casas, muitas vezes longe de São Paulo. Então, a mostra segue, desde então, ampliando o alcance. Tanto virtual, como em eventos em outras cidades. “Pela primeira vez, a Mostra leva parte da seleção desta edição ao Norte do Brasil, em uma parceria com o Centro Cultural Casarão de Ideias (CCCI), em Manaus. E com o Sesc, continuamos com a nossa tradicional itinerância por dez cidades do estado”, comenta Renata.

Outra novidade do evento será uma parceria com a Netflix. Entre os filmes brasileiros de novos cineastas, haverá uma competição. Então, o vencedor fechará um contrato com a gigante do streaming para exibição em 190 países. “Além dos nossos tradicionais prêmios, teremos dois novos oferecidos por parceiros para o cinema brasileiro apresentado na Mostra: O Prêmio Paradiso, de apoio à distribuição em salas de cinema e o Prêmio Netflix, de aquisição mundial para a plataforma.”

Os ingressos nas salas presenciais são vendidos a R$ 24 a inteira, de segunda a quinta-feira, e R$ 30 de sexta a domingo. Contudo, os filmes que passarão na Cinemateca Brasileira, na zona sul de São Paulo, terão entrada vendida a R$ 10. Já no circuito SPCine, R$ 4 a inteira. Todos os filmes nas plataformas on-line e também nos CEUS serão gratuitos. Mais informações, ingressos e a programação completa no site da Mostra: 47.mostra.org.