"amor de muito"

Morre Zé Celso, fundador do Teatro Oficina e mais importante dramaturgo do país

“Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo. Nossa fênix acaba de partir pra morada do sol”, postou o Oficina nas redes sociais

Reprodução/Youtube
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“A coisa mais importante é a cultura da vida, e agir de acordo com a cultura da vida, não com a cultura da morte”, disse Zé Celso à RBA

São Paulo – O dramaturgo, diretor, ator e encenador José Celso Martinez Corrêa morreu nesta quinta-feira (6), em São Paulo, aos 86 anos. O Teatro Oficina, companhia fundada por ele em 1958, confirmou a notícia com uma postagem nas redes sociais (mantida caligrafia original):

Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo.
nossa fênix acaba de partir pra morada do sol
amor de muito
amor sempre
“.

Zé Celso foi vítima de um incidente em seu apartamento, no bairro do Paraíso (zona sul de São Paulo), que se incendiou na terça-feira (4). Ele estava internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) no Hospital das Clínicas.

Dramaturgo mais importante do país, criou um teatro de contestação, tropicalista, orgíaco e provocativo, segundo ele regido pelo deus grego Dioniso. O teatro de Zé Celso mesclava o profano e o sagrado, e tinha alicerces na contracultura dos anos 1960.

Zé Celso havia se casado com Marcelo Drummond no último dia 6 de junho, no próprio Teatro Oficina, em São Paulo, em evento ecumênico-artístico, que teve a presença de Daniela Mercury, Marina Lima e Mariana Morais, entre outros artistas.

Araraquarense

Zé Celso Martinez Corrêa nasceu em 1937 em Araraquara, interior de São Paulo. O Teatro Oficina é um dos grupos teatrais mais importantes e provocativos do país desde sua fundação. Diretor da histórica montagem de O Rei da Vela (1967), a partir do original do modernista Oswald de Andrade, o dramaturgo falou à RBA em abril de 2020, início da pandemia de covid.

Disse na ocasião que o capitalismo “está agonizante e está destruindo tudo”. Por isso, em sua opinião, a urgência em se dedicar à vida, porque “a vida é o dínamo da cultura”. “A coisa mais importante agora é a cultura da vida, e agir de acordo com a cultura da vida, não com a cultura da morte”, afirmou, em referência ao então governo negacionista do país.

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Redação: Eduardo Maretti


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