MPB

Acabou chorare. Galvão, dos Novos Baianos, pegou a estrada

Compositor e autor de sucessos em parceria com Moraes Moreira, artista estava com 87 anos

Divulgação/Montagem RBA
Divulgação/Montagem RBA
Imagem clássica que foi capa do LP que teve em Galvão um de seus autores

São Paulo – Luiz Galvão, músico, poeta, um dos fundadores do grupo Novos Baianos, morreu na noite deste sábado (22), em São Paulo. Natural de Juazeiro (BA), tinha 87 anos, completados em julho. Formou com Moraes Moreira, que morreu há dois anos, uma das célebres parcerias da música brasileira. Preta, Pretinha e Acabou Chorare, entre outras, foram compostas pela dupla.

Acabou Chorare é justamente o título de um LP que marcou época na MPB. Foi lançado há 50 anos. Trazia uma mistura de ritmos, juntando modernidade e tradição. Assim, começa com um clássico de Assis Valente, o hino Brasil Pandeiro. Traz também uma influência assumida de João Gilberto.

E foi também em 1972, no mês de abril, que a turma toda se mudou de Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, para um sítio na distante Jacarepaguá, zona oeste, que se tornou o reduto de uma vida musical e alternativa, no espírito dos anos 1970. Galvão, Moraes, Bola Morais, Gato Félix, Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Paulinho Boa de Cantor e outros, que também gostavam de jogar futebol – tempos depois, Pepeu iria compor Fazendo música, jogando bola.

Rumo da história

Galvão estava internado desde 16 de setembro, primeiro na Santa Casa de Misericórdia e depois no Instituto do Coração. A causa da morte não foi confirmada. O artista era cardiopata e diabético.

“Galvão criou e liderou o grupo Novos Baianos, acontecimento que se coloca entre os que mudaram o rumo da história do Brasil. Sendo de Juazeiro, atraiu João Gilberto para a casa coletiva em que viviam os membros do grupo. E isso definiu o caminho rico que se pode resumir no álbum Acabou Chorare mas que se desdobrou em muito mais. Vamos sentir saudade dele – e também celebrar a peculiaridade de sua pessoa. (…) Num barzinho do Campo Grande a dupla era Moraes e Galvão. Depois se multiplicaram em Baby e Pepeu e Dadi e tantos mais. Os dois já se foram, mas seu legado mantém o país capaz de muito mais do que parece”, escreveu Caetano Veloso em rede social.

“O grupo se tornou uma referência musical e de postura alternativa em um momento muito difícil para as artes no Brasil”, comentou o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira.