Moradores do Morumbi aumentam discriminação contra comunidade pobre

São Paulo – José Eduardo de Souza, presidente da Sociedade de Amigos do Morumbi e Vila Suzano, entidade que representa 348 condomínios de alto padrão construídos naquela região da zona […]

São Paulo – José Eduardo de Souza, presidente da Sociedade de Amigos do Morumbi e Vila Suzano, entidade que representa 348 condomínios de alto padrão construídos naquela região da zona sul de São Paulo, pretende ampliar a altura dos muros no bairro, como forma de aumentar a sensação de segurança dos moradores.

A iniciativa se inspira numa proposta similar levada à prática em outra rua do Morumbi. Em junho do ano passado, a publicitária Valéria Inati reuniu síndicos e moradores de sua rua em torno de um polêmico movimento para aumentar os muros de residências e terrenos da região. “Tivemos apoio da prefeitura, que acionou os proprietários dos terrenos desocupados e obrigou a construção de muros mais altos. Agora os ladrões têm menos de rotas de fuga”, afirmou.

Os muros dificultaram a circulação dos moradores de Paraisópolis, que precisam passar pelo bairro para chegar aos pontos de ônibus e seguir para o trabalho. Além disso, as muralhas ampliaram a sensação de discriminação e de preconceito, mas agradaram os condôminos. “Tem muitas ruas fazendo esse tipo de trabalho. Queremos mudar a imagem do bairro e espantar o meliante daqui. É como se a gente dissesse: ‘Olha, é melhor ir para outro bairro menos protegido'”, relatou Souza. 

Na semana passada, um novo encontro de moradores, organizado pelos Amigos do Morumbi e Vila Suzano, discutiu a preocupação com a segurança na região. Nas falas, foi nítida a tentativa de ampliar o temor, de buscar alguma forma de organização dos moradores e de propagar a ideia de que os condomínios e residências ergam muros cada vez mais altos. “Os ladrões passam 24 horas por dia pensando em como nos agredir. Pergunto: quanto tempo passamos pensando em como nos defender deles?”, disse Souza, durante o evento.

Na rua onde mora o articulador, 20 prédios de alto padrão ligados à sociedade que ele dirige significaram, segundo a própria associação, cerca de R$ 12 milhões em taxas de condomínios no ano passado.

Ouça aqui a reportagem da Rádio Brasil Atual:

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