Na Câmara

Volta Redonda discute mudar nome de ponte Presidente Médici para homenagear bispo

Proposta de vereador de rebatizar ponte com nome de Waldyr Calheiros tem apoio da Comissão Municipal da Verdade. Ministério Público propõe debate público

Arquivo Diocese

Dom Waldyr, em missa a três operários da Companhia Siderúrgica Nacional mortos na repressão à greve de 1988

São Paulo – A Câmara de Volta Redonda (RJ) realiza na tarde de hoje (11) uma audiência pública para discutir a mudança de nome de uma ponte no município. Caso seja aprovada, a troca seria emblemática: passaria de Ponte Presidente Médici para Waldyr Calheiros, bispo da região que combateu a ditadura personificada, como poucos, pelo general que comandou o país de 1969 a 1974, no período imediatamente posterior ao AI-5. A proposta de alteração é do vereador Jerônimo Teles (PSC). Tem apoio da Comissão Municipal da Verdade.

O Ministério Público Federal também apoio a retirada do nome atual, dado em 1973, quando o município foi declarado área de segurança nacional. O MPF propõe que a nova denominação seja escolhida em 90 dias, em discussão pública, “com ampla participação da sociedade civil, obedecendo normas constitucionais e legais”. Para o Ministério Público, a deliberação que conferiu o nome de Médici à ponte ofende o princípio da impessoalidade e o direito à memória.

Dom Waldyr Calheiros Novaes, bispo emérito da Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, morreu em 30 de novembro de 2013, aos 90 anos. Durante a ditadura, acolheu vários presos políticos. Também defendeu os operários na greve da Companhia Siderúrgica Nacional, em 1988, quando três trabalhadores foram mortos após invasão da fábrica por tropas do Exército em 9 de novembro daquele ano.