Escolha de representantes

Uneafro e Contag incentivam jovens a promover o voto antirracista e em defesa da agricultura familiar

Campanhas buscam conscientizar sobre a importância de escolher representantes comprometidos com igualdade racial, preservação do meio ambiente e combate ao uso de agrotóxicos

Uneafro/Divulgação
Uneafro/Divulgação
"A expectativa é chegar nessa juventude e mostrar o quanto ela pode apresentar um voto transformador, consciente, antirracista e feminista para mudar de fato essa cara brasileira", apontam

São Paulo – A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) desenvolve uma campanha para incentivar a juventude do campo a votar. Entre os temas da eleição que estão no radar do jovem do campo está a agricultura familiar, a preservação e recuperação do meio ambiente e o crescimento do emprego e da renda. Assim como a Contag, esse também é o objetivo da Uneafro Brasil, que lançou uma campanha para estimular o voto jovem em candidaturas comprometidas com pautas antirracistas. Para isso, comitês foram criados em todo o país. Eles servirão de espaço de discussão sobre a política e as eleições gerais de 2022 a partir do recorte racial de diferentes assuntos, como a importância da eleição de candidaturas negras.

Aos 24 anos, Willians Santana tem feito vídeos na internet para incentivar os jovens, que vivem no campo e são mais novos do que ele, a tirar o título de eleitor, cujo prazo termina nesta quarta-feira (4). Ele faz parte da campanha da Contag em Rondônia que corre contra o tempo para ajudar os adolescentes no alistamento eleitoral. “Aos poucos a gente vai furando as bolhas. Algumas pessoas me procuraram no privado perguntando como faziam para tirar o título. Em qual site tinham que entrar e o que era necessário para fazer a regularização. Então acredito que a campanha vem ganhando um efeito bacana”, conta à repórter Girrana Rodrigues do Seu Jornal, da TVT. Todo o processo pode ser feito pelo computador ou celular no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Participação do jovem do campo

Mas, no caso dos jovens rurais em que muitos não têm acesso à internet, a campanha da Contag, além de estar nas redes sociais, também abriu canais de diálogo presenciais durante as reuniões dos sindicatos dos trabalhadores do campo. O objetivo da campanha é também conscientizar os adolescentes sobre a importância de eleger representantes compromissados com pautas como a agricultura familiar, a preservação do meio ambiente e o combate ao uso de agrotóxicos.

Segundo Willians, escolher candidatos que pensem políticas públicas para a geração de renda precisa ser uma prioridade para o jovem rural. “Ele precisa desse incentivo para se manter no campo. Se ele não consegue acessar essas políticas públicas, como o Pronaf Jovem, o crédito fundiário, o jovem vai fazer o êxodo rural e ir para a cidade. E muitas vezes ele vai acabar tendo que ocupar um subemprego”, observa. A mensagem que a nova geração quer passar é que não basta votar. É preciso também escolher quem realmente representa”, destaca o influenciador.

Voto antirracista

Com mais da metade da população negra, o Brasil ainda é um país bastante racista e as atitudes preconceituosas acontecem de diferentes formas, inclusive veladas. Por isso, de acordo com a Uneafro Brasil, a necessidade de uma postura antirracista trabalhada na campanha. “Quando se coloca de maneira secundarizada, a pauta racial é um problema muito grande. E quando a pessoa não se coloca como um candidato antirracista também é um prejuízo muito grande. São pessoas que estão nesses espaços, que têm abertura para falar e dialogam com o povo”, critica a coordenadora nacional da Uneafro, Fabíola Carvalho, em entrevista ao repórter Kaique Santos, também para o Seu Jornal.

Os comitês estão sendo instalados em diversas regiões do país com atividades presenciais e online. Eles também aproveitam os últimos dias do prazo dado pela justiça eleitoral ao jovem de 16 a 17 anos, apto a votar, para reforçar o quanto sua participação fará diferença no resultado das eleições. “A expectativa é chegar nessa juventude e mostrar o quanto ela pode apresentar um voto transformador, consciente, antirracista e feminista para mudar de fato essa cara brasileira. Não só trazer de volta nossos direitos à democracia, mas também de tantas minorias que em outros momentos não foram respeitados e acolhidos”, acrescenta o coordenador da Rede Ubuntu, Rafael Cícero. 

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