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Sem-teto ocupam sedes do Ministério da Fazenda contra ajuste fiscal

Movimentos alertam Dilma sobre cortes em programas sociais e exigem que conta do ajuste seja repassada a setores privilegiados, em vez de penalizar a classe trabalhadora

mtst / facebook

Integrantes do MTST ocupam Fazenda em São Paulo em protesto por cortes em programas sociais

São Paulo – Cerca de 8 mil sem-teto ocuparam a sede do Ministério da Fazenda em São Paulo, contra o ajuste fiscal do governo federal e os cortes no programa Minha Casa, Minha Vida. “Isso é para que o governo federal entenda que se cortar a área social o Brasil vai parar”, afirmou o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos.

A sede do ministério foi ocupada também em Boa Vista, Brasília, Rio de Janeiro e Goiânia. Segundo Boulos, outras ocupações ainda hoje (23). “Não vamos aceitar cortes que inviabilizem as áreas sociais. Tem que pagar pela crise quem tem dinheiro e não o povo trabalhador. Que taxe as grandes fortunas e os lucros e dividendos”, disse Boulos.

Embora ressalte que os cortes precisam parar, Boulos elogiou a Medida Provisória 692, encaminhada ontem pela presidenta da República, Dilma Rousseff, ao Congresso. A MP cria três linhas de taxação do Imposto de Renda para ganhos de capital e herança acima de R$ 1 milhão. ” É uma proposta defensável, que vai no sentido daquilo que o movimento tem defendido desde o início da crise”, afirmou.

A terceira versão do Programa Minha Casa, Minha Vida foi anunciada com R$ 15 bilhões de orçamento. No entanto, segundo Boulos, R$ 8 bilhões são para obras já contratadas. E outros R$ 3 bilhões foram cortados no mais recente pacote do ajuste. “O que resta não vai possibilitar praticamente nada de novo. Queremos que o governo reveja essa decisão e garanta a verba, sobretudo para a modalidade Entidades”, explicou Boulos. A modalidade Entidades do Minha, Casa Minha Vida responde por 1,5% do orçamento do programa. Nesse modelo, os próprios movimentos sociais criem os recursos e elaboram os projetos habitacionais.

Boulos afirmou que os manifestantes vão permanecer no local até que o governo federal apresente uma resposta sobre a situação do Minha Casa, Minha Vida. “Essa é só primeira ação do movimento. Se não houver respostas, se o governo federal seguir jogando a conta do ajuste nos trabalhadores, nos vamos intensificar as mobilizações”, afirmou.

Os manifestantes ocuparam o saguão do prédio do ministério em São Paulo. No momento da ocupação os seguranças tentaram fechar as portas. A pressão contrária causou a quebra de uma porta de vidro e uma mulher sem-teto ficou levemente ferida. O movimento fez um acordo com a PM para permanecer no local pacificamente, sem que haja intervenção da Tropa de Choque.

O protesto foi encerrado por volta das 12h30 em todas as ocupações. O MTST disse que representantes do movimento participarão de uma reunião com o governo, em Brasília, ainda na tarde de hoje.