Passe livre

Sem Alckmin e Haddad, MPL faz debate em ato contra alta de tarifas

Movimento convocou novo ato para 25 de fevereiro e prometeu seguir protestos, com bloqueio de terminais e vias, contra o reajuste das tarifas em São Paulo

CC / MPL – São Paulo

São Paulo – Sem o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e sem o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que não compareceram ao ato-reunião convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL), para debater a alta das tarifas de transporte na capital, manifestantes fizeram um debate público sobre o tema em frente à Prefeitura paulistana, na região central da cidade, novamente sob ostensiva presença policial. Foi a sexta manifestação em protesto contra o reajuste das passagens do metrô, trens e ônibus.

Nova manifestação foi marcada para 25 de fevereiro. Até lá, informou o MPL, serão realizadas outras modalidades de protestos, como trancamento de terminais e de vias, reivindicando a revogação do aumento das tarifas, de R$ 3,50 para R$ 3,80.

Segundo a militante do MPL Letícia Cardoso, o movimento quer debater apenas o reajuste. “Temos uma pauta única: a revogação do aumento. E queremos que o prefeito e o governador discutam com a população nas ruas.”

Mesmo com a ausência dos gestores públicos, que nem sequer enviaram representantes, os presentes fizeram falas contra o reajuste e propostas de como viabilizar a tarifa zero.

Outra ativista, Laura Viana, lamentou a ausência do prefeito e do governador. “É triste, mas a gente não esperava mesmo que eles estivessem dispostos ao diálogo. Estamos nas ruas há quatro semanas e o único diálogo que o poder público propôs foi sobre trajeto dos atos na Secretaria de Segurança Pública”, afirmou.

Para ela, a ostensiva presença policial em todos os atos tinha o objetivo de sufocar o debate sobre o aumento das tarifas. “Sem dúvida era para desvirtuar. A população via muita polícia na rua. Nos meios de comunicação só se falava da violência policial e de vandalismo. O debate sobre a tarifa ficou praticamente esquecido”, concluiu Laura.

O ato foi o menor de todos já realizados. Já em frente à prefeitura, depois de percorrer cerca de 700 metros desde o Largo do Paissandu, teve início o ato-reunião.

Presente ao ato, o secretário de Transportes da gestão da ex-prefeita Luiza Erundina (1989-1992), Lúcio Gregori, saudou os manifestantes e o MPL por considerá-los responsáveis pela inclusão de transporte como direito social na Constituição Federal. “Vocês pautaram esse debate no Brasil. E conquistaram essa vitória, que é enorme.”

Ele reafirmou que gratuidade do transporte coletivo é o estágio final de um processo político de rearranjo de recursos e composições de fundos e fez uma clara exposição de como aplicar o dinheiro público na ampliação do acesso ao transporte e em sua melhor. Citou como exemplos a destinação da Cide, tributo que incide sobre os combustíveis, e a criação de impostos sobre a propriedade de helicópteros e barcos. “Sou a favor de penalizar o transporte individual para subsídiar a tarifa”, destacou.

Repressão

A Polícia Militar (PM) novamente enviou um grande efetivo desproporcional, com claro intuito de intimidar os manifestantes. Tropa de Choque, helicópteros, armas de bala de borracha, bombas de efeito moral. Tudo sob a justificativa de garantir a segurança da mobilização, que foi acompanhada por soldados à frente, atrás e dos dois lados da marcha. “Vamos acompanhar a marcha e ficaremos na Prefeitura até a dispersão”, disse o tenente-coronel Streifinger, comandante da operação.

“É a tática da intimidação, da bota na garganta, para sufocar, se possível sepultar, uma manifestação popular por um direito legítimo”, disse o padre Julio Lancelotti, em entrevista aos Jornalistas Livres, que transmitiu o ato ao vivo.

Após o debate, os manifestantes queimaram duas catracas em frente à prefeitura, e o ato foi encerrado. E mais uma vez as estações de metrô na região foram fechadas, dificultando a volta para casa de ativistas e trabalhadores.