Corumbá (GO)

MST realiza ato pela reforma agrária em latifúndio do senador Eunício Oliveira

Famílias do acampamento Dom Tomás Balduíno celebram colheita de milho em área que era improdutiva e foi ocupada em outubro de 2014; senador deve explicações sobre como adquiriu as terras

MST

Acampamento: mais de três mil famílias mobilizadas na área realizam ato contra a concentração de terras

São Paulo – Desde as 10 horas de hoje (21), as mais detrês mil famílias do acampamento Dom Tomás Balduíno realizam um ato político em defesa da Reforma Agrária e da desapropriação da Agropecuária Santa Mônica, em Corumbá (GO), onde a ocupação está localizada. Participam do ato o integrante da direção nacional do MST, João Pedro Stedile, e o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB, dom Guilherme Werlang.

Além de acompanhar uma celebração ecumênica, as famílias festejam a colheita do milho e distribuem cerca de 15 mil pamonhas, fruto da produção do acampamento. Em seguida, os artistas Pedro Munhoz, Pereira da Viola, Zé Mulato e Cassiano fazem apresentações de música e viola caipira.

A ocupação na Agropecuária Santa Mônica teve início em outubro de 2014. Desde então, as famílias resistem às ameaças de despejo no local de mais de 20 mil hectares de propriedade do senador e ex-ministro das comunicações, Eunício de Oliveira.

A área é considerada improdutiva. Além disso, a terra é fruto de transações não esclarecidas pelo senador da República. “Até hoje é pendente de explicações a forma de como ele conseguiu acabar com as pequenas propriedades que existiam e formar esse imenso latifúndio”, afirma o integrante da coordenação do MST em Goiás, José Valdir Misnerovicz.

De acordo com nota emitida pelo MST de Goiás, “é de se salientar a enorme pressão política constante no caso, que proporcionou abusivas decisões judiciais emanadas pelo juízo local de Corumbá, deferindo por mais de uma ocasião a liminar possessória sem qualquer intento de mediação do grave conflito coletivo lá instaurado, obstaculizando até mesmo a entrada de alimento para as famílias”.

Para o MST, a única alternativa é a destinação da área para a Reforma Agrária e qualquer despejo forçado poderá ter graves consequências. “Apresentamos como exigência a desapropriação de todo o complexo e o assentamento das famílias. Essa ocupação é a oportunidade da presidenta Dilma concretizar o que tem defendido como Reforma Agrária: assentar famílias em terras de boa qualidade, próximas dos centros urbanos, para produzir alimento para a população”, completou.

Na quinta-feira (19), a Comissão Episcopal Pastoral para o serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da Regional Centro Oeste, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), emitiu nota em que manifesta apoio e preocupação com as famílias do acampamento.

A Comissão expressa a necessidade de mobilizar as autoridades para que não transforme o direito da luta pela terra em mais um conflito violento. Na quinta-feira (12), foi protocolado recurso por militantes do MST solicitando a suspensão da ordem de despejo no Tribunal de Justiça de Goiás.

“Há uma ordem de despejo das famílias para o dia 25 de fevereiro, próxima quarta-feira, sentenciada pelo juiz Dr. Levine Raja Gabaglia Artiaga, da Comarca de Corumbá. Caso esse procedimento seja realizado, a Comissão entende que existe grande risco de uma nova tragédia ocorrer, a exemplo de Corumbiara (RO), em 1995, Eldorado dos Carajás (PA), em 1996, e o Parque Oeste, em Goiânia (GO), no ano de 2005, uma vez que as famílias não têm para onde ir e colocaram seus poucos recursos na produção agrícola em aproximadamente duzentos hectares de terra, produção esta que somente estará pronta para colheita em julho deste ano”, afirmam em trecho da nota.

Com informações do MST.