reflexão

Movimentos tradicionais e PT devem aprender com manifestações, diz CMP

Atos sem 'centralidade' obrigam instituições a ampliar canais de diálogo

São Paulo – Benedito Barbosa, advogado e dirigente da Central de Movimentos Populares confessa que ficou “abismado” com a quantidade de gente que foi às ruas na última segunda-feira (17) para o ato que inicialmente era pela redução da tarifa do transporte público, mas que acabou virando uma manifestação “contra tudo”, em várias capitais do país.

Para ele, os movimentos sociais tradicionais e outras instituições têm muito a aprender com a organização como o Movimento Passe Livre (MPL), que não tem “centralidade” e “hierarquia”, principalmente nos processos de comunicação interna, distribuição de tarefas e divulgação de atividades.

A CMP apoiou abertamente a eleição de Fernando Haddad (PT) e tem ligações históricas com o Partido dos Trabalhadores. Ele acha positivo o fortalecimento de um movimento “fora do guarda-chuva”, já que obrigaria o partido ampliar seu diálogo.

“O MPL não é contra o PT, contra nenhum partido. Claro, contra os partidos neoliberais, os partidos de direita eles são claramente contra. Isso tem que servir de lição para o PT para que ele entenda e aprenda que não são só os movimentos sociais que estão sob seu guarda-chuva, sob o controle da sua pauta que estão aí na sociedade, e o PT tem que dialogar com essa realidade”, avalia.

Ele acha importante que pauta urbana, relacionada a questão da reforma urbana, uma luta história dos movimentos de moradia, esteja no centro dos debates.

Para o advogado, é natural o aumento de participantes nas marchas, com pautas difusas.

“Esse movimento pode ser também um avanço para os partidos de modo geral para olhar com outra cara o avanço das políticas públicas no Brasil. Porque tem todo esse discurso de nova classe média. Claro que mudou. Mas ainda tem uma miséria muito grande nas cidades. Essa coisa também da violência da polícia contra a juventude negra”, afirma.