Prefeitura suspende remoção de moradias para construção de parque em São Paulo

Moradores do Parque Cocaia, no extremo sul da cidade, ocuparam Central de Habitação e secretaria se comprometeu a não realizar novas intervenções ou cadastros no bairro

Após três horas de ocupação, os moradores entregaram suas reivindicações ao secretário-adjunto de Habitação, Marco Biasi (Foto: Rodrigo Gomes/RBA)

São Paulo – Moradores do Parque Cocaia I, na zona sul da capital, obtiveram hoje (20) o compromisso do secretário-adjunto de Habitação do município, Marco Biasi, de não realizar mais nenhum cadastro, marcação de moradia ou remoção de famílias no bairro até que o projeto do parque linear e de outras intervenções sejam apresentados à população. 

O acordo foi firmado após cerca de 100 pessoas ocuparem, por volta de 11h, a sede da Central de Habitação do Município, na avenida São João, centro da capital, exigindo a presença de representantes da Secretaria Municipal de Habitação para expor suas reivindicações.

O processo de remoções de cerca de mil casas teve início no governo Gilberto Kassab (PSD) e não havia sido interrompido na gestão Fernando Haddad (PT), motivo da manifestação de hoje.

O secretário-adjunto pediu prazo de uma semana para realizar reunião com os moradores e discutir a forma de apresentação dos projetos. Depois disso serão necessários dois meses para que o projeto seja apresentado. 

“É mais do que razoável que a população tenha conhecimento de qualquer projeto que seja aplicado e cause mudanças no seu local de moradia. No entanto, não é possível fazer isso imediatamente. Será preciso uns dois meses, para que nós nos preparemos e possamos responder a todos os questionamentos da comunidade”, disse Biasi.

Para o militante da Rede Extremo Sul, que atua na organização de comunidades com risco de despejo, Gustavo Moura, o objetivo inicial foi atingido. “Conseguimos o atendimento de nossa reivindicação inicial, paralisando as ações. Agora vamos ver se a secretaria vai cumprir o acordo e apresentar os projetos, inclusive quanto às alternativas habitacionais, que ainda é uma questão obscura. Vamos manter a mobilização, porque é uma comunidade inteira, com décadas de história, que está ameaçada de ser removida. Não é qualquer coisa”, afirmou.

A comunidade Parque Cocaia I inciou sua mobilização após ser comunicada, nos últimos dois meses, que os moradores da rua Doutor Nuno Guerner de Almeida, no lado que margeia a represa Billings, seriam removidos para a construção de um parque linear. Os moradores estavam revoltados com a falta de informações sobre a ação, conforme a RBA mostrou em reportagem. Uma das principais preocupações é o valor auxílio aluguel repassado pela prefeitura, de R$ 400, considerado muito baixo para manter o padrão de vida que eles têm hoje.

Os moradores ocuparam a unidade com faixas, cartazes e uma pequena bateria. Eles batucaram e cantaram por cerca de três horas até serem atendidos pelo secretário adjunto. A Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana estiveram no local, mas não houve confronto. O único momento de tensão foi quando funcionários da Central fecharam o portão de entrada e muitas pessoas que estavam no local e queriam sair não puderam, assim como outras que estavam com agendamento marcado e não podiam entrar. Houve bate-boca, mas foi feito um acordo entre os manifestantes, a PM e a segurança do prédio para permitir a entrada da população.

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