Mães da Sé comemoram 19 anos e novo projeto auxilia famílias de desaparecidos
Desde 1996, instituições amparam famílias na busca de pessoas desaparecidas. Conselho Federal de Medicina também participa da missão
Publicado 02/04/2015 - 11h47
Mães da Sé já cadastraram cerca de 10 mil casos de pessoas desaparecidas, 4.322 pessoas voltaram para casa
São Paulo – A ONG Mães da Sé, que dá apoio psicológico e assessoria jurídica a famílias de desaparecidos em São Paulo, comemorou 19 anos de trabalhos com um ato público na última terça-feira (31), na Praça da Sé, centro da capital paulista. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, o estado registra cerca de 60 comunicações de desaparecimentos de pessoas todos os dias. Foi apresentado no evento a implantação de um banco de dados unificado, que auxiliará na busca dos parentes.
Desde sua fundação, a Mães da Sé já cadastrou cerca de 10 mil casos de pessoas desaparecidas, dos quais 4.322 foram localizadas e retornaram para suas famílias.
Em 1996, após o desaparecimento da filha Fabiana, Ivanise Santos fundou o movimento. A fundadora da ONG, afirma que o trabalho pela frente ainda é longo para prevenir e tornar mais eficiente a busca de desaparecidos no Brasil. Ela defende a unificação das informações dos registros de desaparecimentos em nível nacional. “A autoridade policial de uma região, cadastrando o desaparecimento no sistema, faria com que os 26 estados automaticamente recebessem a informação, aumentando a possibilidade de a pessoa ser encontrada, facilitando o trabalho da polícia e diminuindo o tempo de espera”. Hoje, cerca de 80 pessoas por mês procuram a fundação.
Zeni Sousa do Carmos resumiu a instituição em esperança, em entrevista para a TVT. “Mães da Sé representa a esperança de reencontrar minha filha. A cada 15 nos reunimos e conversamos, renovando nossa fé.”
Em entrevista para a Rádio Brasil Atual, Ivanise conta o sentimento após cada solução de caso. “Pra mim é uma vitória muito grande, a minha filha está presente em cada uma dessas pessoas que encontramos.”
Carmem Aparecida Isabel, que procura por sua filha há quatro anos, conhece o drama de espera. Seu caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, a única que atende as ocorrências de desaparecidos em São Paulo. “Minha filha está desaparecida, a policia não vai atrás, eu que tenho de fazer as buscas. É muito injusto, o governo não dá assistência, nos abandonam”.
O ato das Mães da Sé contou ainda com a participação do Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda aos médicos, desde 2010, que seja feito a pesquisa de hematomas e o grau de empatia da criança com o adulto que acompanha, as medidas foram colocadas para ajudar a localizar os jovens desaparecidos.
Durante o ato que marcou o aniversário da ONG, a promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público assinou um acordo com diversos órgãos estaduais para o lançamento de um banco de dados unificados. O anúncio foi feito pela promotora Eliana Vendramini. “O IML, o serviço de verificação de óbito, a Polícia Civil e a militar, o Ministério Público e a Secretaria Estadual de Saúde. Quando tiver um desaparecimento, todos eles irão acrescentar e pesquisar no mesmo banco de dados. Haverá um espaço nele para as famílias, para que parem de peregrinar em busca de um banco de dados, o que dificulta o diálogo.”
Assista à matéria completa da TVT.