Festa e Luta

Mães da Sé comemoram 19 anos e novo projeto auxilia famílias de desaparecidos

Desde 1996, instituições amparam famílias na busca de pessoas desaparecidas. Conselho Federal de Medicina também participa da missão

Divulgação

Mães da Sé já cadastraram cerca de 10 mil casos de pessoas desaparecidas, 4.322 pessoas voltaram para casa

São Paulo – A ONG Mães da Sé, que dá apoio psicológico e assessoria jurídica a famílias de desaparecidos em São Paulo, comemorou 19 anos de trabalhos com um ato público na última terça-feira (31), na Praça da Sé, centro da capital paulista. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, o estado registra cerca de 60 comunicações de desaparecimentos de pessoas todos os dias. Foi apresentado no evento a implantação de um banco de dados unificado, que auxiliará na busca dos parentes.

Desde sua fundação, a Mães da Sé já cadastrou cerca de 10 mil casos de pessoas desaparecidas, dos quais 4.322 foram localizadas e retornaram para suas famílias.

Em 1996, após o desaparecimento da filha Fabiana, Ivanise Santos fundou o movimento. A fundadora da ONG, afirma que o trabalho pela frente ainda é longo  para prevenir e tornar mais eficiente a busca de desaparecidos no Brasil. Ela defende a unificação das informações dos registros de desaparecimentos em nível nacional. “A autoridade policial de uma região, cadastrando o desaparecimento no sistema, faria com que os 26 estados automaticamente recebessem a informação, aumentando a possibilidade de a pessoa ser encontrada, facilitando o trabalho da polícia e diminuindo o tempo de espera”. Hoje, cerca de 80 pessoas por mês procuram a fundação.

Zeni Sousa do Carmos resumiu a instituição em esperança, em entrevista para a TVT. “Mães da Sé representa a esperança de reencontrar minha filha. A cada 15 nos reunimos e conversamos, renovando nossa fé.”

Em entrevista para a Rádio Brasil Atual, Ivanise conta o sentimento após cada solução de caso. “Pra mim é uma vitória muito grande, a minha filha está presente em cada uma dessas pessoas que encontramos.”

Carmem Aparecida Isabel, que procura por sua filha há quatro anos, conhece o drama de espera. Seu caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, a única que atende as ocorrências de desaparecidos em São Paulo. “Minha filha está desaparecida, a policia não vai atrás, eu que tenho de fazer as buscas. É muito injusto, o governo não dá assistência, nos abandonam”.

O ato das Mães da Sé contou ainda com a participação do Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda aos médicos, desde 2010, que seja feito a pesquisa de hematomas e o grau de empatia da criança com o adulto que acompanha, as medidas foram colocadas para ajudar a localizar os jovens desaparecidos.

Durante o ato que marcou o aniversário da ONG, a promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público assinou um acordo com diversos órgãos estaduais para o lançamento de um banco de dados unificados. O anúncio foi feito pela promotora Eliana Vendramini. “O IML, o serviço de verificação de óbito, a Polícia Civil e a militar, o Ministério Público e a Secretaria Estadual de Saúde. Quando tiver um desaparecimento, todos eles irão acrescentar e pesquisar no mesmo banco de dados. Haverá um espaço nele para as famílias, para que parem de peregrinar em busca de um banco de dados, o que dificulta o diálogo.”

Assista à matéria completa da TVT.