DEBATE URGENTE

Igualdade de gênero torna sociedade menos violenta e mais feliz, diz sociólogo

Segundo sociólogo inglês Jeff Hearn, sociedades menos desiguais são aquelas que mais denúnciam abusos contra mulheres

Fernando Frazão/Agência Brasil
Fernando Frazão/Agência Brasil
Jeff Hearn explica que estudos realizados, em outros países, que mostram a redução de violência e depressão quando há o respeito à igualdade de gênero

São Paulo – A igualdade de gênero é capaz de tornar as sociedades mais felizes e menos violentas. A afirmação é do sociólogo inglês Jeff Hearn, em entrevista ao site espanhol Rebelion e traduzido pelo Instituto Humanitas Unisinos. O britânico é um estudioso da masculinidade e busca demonstrar o mito do homem como catalisador do poder, tanto social como político.

De acordo com ele, é necessária uma sociedade mais democrática em todos os sentidos, inclusive no debate de gênero. Jeff Hearn explica que estudos realizados, em outros países, que mostram a redução de violência e depressão quando há o respeito à igualdade de gênero.

“Foram realizados estudos comparativos a respeito da igualdade de gênero, em nível doméstico e nível de violência no lar. Demonstrou-se que existe uma absoluta relação: quanto mais igualdade existe, menos casos verificados de violência”, explicou o sociólogo, que completa: “Na Noruega, além disso, ficou comprovado que a igualdade gera sociedades mais felizes. Se há mais igualdade, há menos depressão e mais felicidade”.

Ainda baseado em estudos internacionais, o especialista cita incluía países como a Índia e Brasil, que possuem altos índices de violência de gênero. “Outro estudo concluiu que os homens que recorrem à violência possuem um problema de fundo: não estão satisfeitos com a sua vida. Em resumo, não são felizes”, afirmou.

Masculinidade

Jeff Hearn afirma que há muitos estereótipos relacionados à masculinidade, mas atitude é o fator mais prejudicial. “O modo como usamos o poder, como interpretamos a nós mesmos. As formas de fazer, de vestir, relacionadas ao fato de ser um homem. Não existe uma única versão do significado de masculinidade”, explica.

A masculinidade se torna um problema quando é relacionada à força, segundo o sociólogo. Embora existam vários tipos de violência machista, não apenas física, mas também psicológica. “Nem sempre se trata de agressões, e focar apenas em hematomas e ossos quebrados transforma outros tipos de agressões em dramas invisíveis”, acrescentou.

O estudioso britânico diz que um dos principais pontos para combater o machismo e a violência de gênero é a denúncia. Hearn relata que os países com mais igualdade são onde as mulheres estão mais dispostas a admitir que foram vítimas de abusos.

“Penso que os médicos dos ambulatórios deveriam ser os primeiros a soar o alarme, pois são os primeiros a detectar os sintomas. Basta perguntar à paciente se teve um problema em casa, ou se está tudo bem, ou diretamente se está sendo alvo de abusos. Agora, há muito mais consciência sobre a violência doméstica. E menos estigma do que no passado. Graças ao ativismo feminista e à política, enfim, faz parte do debate público”, finalizou.