Em Mato Grosso

Festival alerta para os riscos de degradação da bacia do Rio Juruena

Segunda edição do Juruena Vivo, na cidade a 750 km de Cuiabá, apresenta atividades culturais e palestras para chamar a atenção da necessidade do desenvolvimento sustentável na região

Flávio Eiró/Flickr/Wikicommons

Rio Juruena drena 70% do estado do Mato Grosso, com cerca de 500 mil pessoas vivendo em sua bacia

São Paulo – O coletivo Rede Juruena Vivo, em parceria com a Secretaria de Educação e Cultura de Juína, realizam entre hoje e amanhã (9 e 10) o 2º Festival Juruena Vivo. A cidade, que fica a 750 quilômetros de Cuiabá, receberá uma série de palestras e atividades culturais relacionadas à preservação e ao desenvolvimento sustentável da região.

Cerca de 500 mil pessoas dividem os espaços da bacia do Juruena com uma rica biodiversidade. Os rios e afluentes da região drenam 70% do estado e são a fonte de sustento para 38 assentamentos, 11 povos indígenas e 20 territórios tradicionais reconhecidos.

“Nossa intenção é levar informação e favorecer a união de pessoas que vivem em diversos locais da bacia, e que cada ano um município se habilite a sediar este importante evento, que tende a se tornar tradição”, afirma Andrea Jakubaszko, da comissão organizadora. A primeira edição do evento foi realizada em novembro passado, no município de Cotriguaçú, também no Mato Grosso.

A região passa por ameaças constantes, como a utilização de agrotóxicos e o desmatamento, além de ao menos 102 projetos de hidrelétricas que podem deixar o distrito de Fontanillas, pertencente a Juína, em baixo d’água. “Fontanillas possui um ambiente frágil e qualquer alagamento seria catastrófico, uma vez que a água não tem para onde escoar”, afirma o presidente da Associação de Moradores de Fontanillas, Cleiton Silvestrim.

A manutenção do rio Juruema de forma íntegra é a razão do surgimento de organizações e coletivos na região, que norteia o debate do evento. “O festival abre oportunidade aos interessados de discutir junto aos assentados, ribeirinhos, indígenas, técnicos, educadores, reunidos da Rede Juruena, melhorias que rumam para um futuro sustentável para a região”, diz Liliane Xavier, militante do coletivo Aacuarela, integrante da Rede Juruena Vivo.

A opção levantada pelos coletivos é chamar a atenção para as tradições locais e incentivar o turismo na região. “Nossa preocupação é levantar a importância deste rio, que contribuiu para a nossa colonização e a valorização da região pela questão cultural. Vamos deixar a sociedade falar e conversar”, diz Ericson Leandro, secretário de Educação e Cultura do município.

Consulte a programação completa: www.redejuruenavivo.com