Capitólio: Vídeos e relatos apontam para negligência generalizada no Lago de Furnas
Já se confirmaram seis mortes. Para morador, turismo predatório causa triste cenário em Capitólio, com despreparo de autoridades, operadores de passeios e de visitantes
Publicado 08/01/2022 - 17h56

São Paulo – Relatos e imagens que circulam pelas redes sociais apontam para uma negligência generalizada em torno da tragédia de Capitólio, cidade turística do sul de Minas Gerais, na manhã deste sábado (8). O desabamento de rochas de um cânion no Lago de Furnas atingiu duas embarcações em cheio e outras duas também sofreram impactos. No total, havia 34 pessoas nessas quatro lanchas. Mas não havia nenhuma placa indicando riscos no local. Apesar da confirmação de sete mortes até o momento, o Movimento de Atingidos por Barragens teme que o número ainda possa subir. No início da noite, o Corpo de Bombeiros atualizou para quatro o número de desaparecidos, que estava em 20 no meio da tarde.
Nos vídeos abaixo, é possível ver o momento do principal desabamento. E, antes, o desespero de pessoas que viam de longe fragmentos de rochas despencarem antes da queda derradeira. Enquanto turistas gritavam para que os barcos que estavam próximos se afastassem, é possível notar que o maior deles demorou a se dar conta da tragédia iminente.
Que tragédia. Parece cena de cinema catástrofe mas terrivelmente não é. Esse desabamento em Capitólio/MG precisa ser seriamente investigado e responsabilizado. No momento toda a solidariedade as vítimas e torcendo pelo melhor. 🙏🏽🙏🏽🙏🏽 pic.twitter.com/RuLE4MNVck— Rodrigo (Palito) Cebrian (@rodcebrian) January 8, 2022
Turismo pedatório
O tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros no estado, afirma que havia entre 70 e 100 pessoas nos arredores em outras embarcações próximas ao ponto do acidente, antes do isolamento da área atingida. Mais de 30 pessoas se feriram.
Os bombeiros desconfiam que o deslizamento teria ocorrido após uma tromba d’água. Na manhã deste sábado, a Defesa Civil do Estado de Minas Gerais emitiu alerta para chuvas intensas na região do desastre. Inclusive justamente com possibilidade da chamada cabeça d’água.
Em nota, a Marinha do Brasil informou que vai instaurar inquérito para apurar as causas do acidente. “A DelFurnas deslocou, imediatamente, equipes de Busca e Salvamento (SAR) para o local, integrantes da Operação Verão ora em andamento, a fim de prestar o apoio necessário às tripulações envolvidas no acidente, no transporte de feridos para a Santa Casa de Capitólio, e no auxílio aos outros órgãos atuando no local”, diz a nota.
É o terceiro ano seguido que o Lago de Furnas, em Capitólio, registra tragédias. No ano passado, as fortes chuvas causaram enchentes e estragos na região. No ano anterior, uma lancha atingiu um jet ski. “Está muito muito triste a situação de Capitólio. Pois a cidade está sendo tomada por um turismo predatório e o despreparo – de autoridades públicas, operadores de passeios e dos próprios visitantes – é generalizado. Ninguém se preocupa, só pensa em ganhar dinheiro”, diz um morador da região que tinha um familiar operando uma embarcação que não foi atingida.
Com informações do Brasil de Fato.