ABI pede apuração de denúncia sobre invasão a jornal do MS

São Paulo – A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) enviou telegrama ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e ofício ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS) de Mato Grosso […]

São Paulo – A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) enviou telegrama ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e ofício ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS) de Mato Grosso do Sul, desembargador Josué de Oliveira, pedindo que seja apurada a “invasão” à sede do jornal Correio do Estado, na noite de quarta-feira (29), por agentes da Polícia Federal. Eles cumpriam determinação judicial para impedir a publicação de uma pesquisa de intenção de voto para a prefeitura da capital, Campo Grande.

A determinação para “invadir” a redação do Correio do Estado partiu da juíza Elisabeth Rosa Baisch, da 36ª Zona Eleitoral. Ao próprio Correio, ela disse não se tratar de busca e apreensão de material jornalístico, mas de acatar pedido de dois candidatos, que teriam alegado desfavorecimento em relação aos concorrentes, por razões financeiras. “Eu não preciso necessariamente expedir um mandado. Eu posso dar uma decisão que ela sirva como mandado”, explicou. Os candidatos que pediram a impugnação da pesquisa foram Alcides Bernal (PP) e Reinaldo Azambuja (PSDB).

Segundo o editor de Política do Correio do Estado, Adilson Paniago, a pesquisa encomendada só seria entregue no dia seguinte, mas um funcionário teve de ligar todos os computadores do setor de paginação para que os agentes verificassem se ela estava na versão que seria impressa. Como não encontrar o que buscavam, os agentes partiram para o parque gráfico. “Tivemos que parar as rotativas para eles conferirem página por página”, disse Paniago.

O presidente da ABI, Maurício Azedo, considerou a ação uma “violação grave de disposições constitucionais” e pediu, nas mensagens encaminhadas, que o ministro Cardozo e os membros do TRE-MS intervenham de forma a cessar “violências com precedentes apenas na ditadura militar”.  

Para o presidente da Seccional de Mato Grosso do Sul da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MS), Leonardo Avelino Duarte, decisões judiciais devem ser cumpridas, mas não da forma apontada na denúncia. “Se há o descumprimento, responde-se criminalmente. O que chama a atenção da OAB é a forma como supostamente foi feita a ação, com a permanência da Polícia Federal no local enquanto o jornal estava sendo feito. Isso lembra os tempos da ditadura. Esse acesso prévio é censura”, afirmou.

A assessoria de comunicação do TRE-MS foi procurada para esclarecer a origem do pedido de intervenção judicial, mas não respondeu aos chamados da reportagem.

O advogado do Correio do Estado, Laércio Guilhem, ingressou no tribunal com agravo de instrumento para obter a cassação da liminar, permitindo a divulgação da pesquisa concluída na quinta-feira (30). O editor Paniago informou que a pesquisa seria a segunda divulgada neste processo eleitoral e mostraria, além da evolução dos candidatos na campanha para o primeiro turno, a simulação de disputas para o segundo turno.

Com reportagem de Danilo Macedo, da Agência Brasil, e do Correio do Estado