Rui Costa diz que Bolsonaro ‘não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo’

“Durante três anos, em qualquer situação que significasse prestar solidariedade à vida, ele fez qualquer gesto”, diz governador da Bahia

Fernando Vivas/GOVBA
Fernando Vivas/GOVBA
Cidade de Jequié, no sul da Bahia: rastros de destruição

São Paulo – O governador da Bahia Rui Costa (PT) criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro em relação às enchentes que castigaram o sul do estado nos últimos dias. A Superintendência de Proteção e Defesa Civil do estado (Sudec) informou nesta quarta-feira (29) que o número de mortos em função das chuvas chegou a 24, com 37.324 desabrigados, 53.934 de desalojados e um total de 629 mil pessoas atingidas. Mesmo diante do cenário, o presidente não interrompeu suas férias no litoral de Santa Catarina.

“Durante três anos, em nenhum momento, em nenhum outro desastre, na pandemia, ou em qualquer situação que significasse prestar solidariedade à vida humana ele fez qualquer gesto. É um presidente que não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”, disse Rui Costa sobre Bolsonaro, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo publicada nesta quinta-feira (30).

Costa também apontou para a falta de preparo, por parte do governo federal, para lidar com situações como esta. “O governo federal não tem nenhuma estrutura de ajuda aos estados para desastres. Os helicópteros do Exército, da Marinha, são completamente inadequados para esse tipo de coisa. São helicópteros para a guerra, não para sobrevoar áreas urbanas. Um helicóptero daquele tamanho, quando baixa a uma altura mais reduzida, arranca as telhas, é um desastre”, apontou.

“Nenhum estado sozinho tem a capacidade de responder a uma demanda dessa. Aliás, essa é uma das coisas que falta ser estruturada no Brasil. Outros países do mundo têm uma estrutura regional para o enfrentamento de grandes desastres, nós não. Inclusive começamos a conversar no Consórcio do Nordeste para ter uma aeronave, por exemplo, mais sofisticada de combate a incêndios, de resgate de pessoas.”

Recursos insuficientes: menos que a Mega-Sena da Virada

Uma Medida Provisória publicada na terça-feira (28) determinou a alocação de R$ 200 milhões para cinco estados, R$ 80 milhões voltados para a reconstrução de estradas na Bahia. Rui Costa já havia dito que o montante é “insuficiente” e diz esperar dos ministros que foram até o estado consigam ampliação das verbas.

“Sinalização e predisposição (por parte dos ministros) houve, de ajudar na reconstrução das casas, de ajudar os municípios na reconstrução da infraestrutura. Estamos na expectativa de que esses anúncios, ou de que esse sinal de boa vontade, venham a acontecer”, pontuou.

Quem também criticou a quantidade de recursos destinados pelo Planalto para reduzir os impactos das enchentes foi o coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim. Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, ele afirmou que o povo da Bahia vai “depender da própria sorte” enquanto durar a atual gestão.

“É um escândalo Bolsonaro oferecer só R$ 200 milhões de socorro às vítimas das enchentes. A Mega-Sena da Virada vai pagar quase o dobro nesse fim de ano, R$ 350 milhões. Enquanto durar esse governo, o povo vai depender da própria sorte”, afirma.


Leia também


Últimas notícias