Em São Paulo

13 de maio é tema de palestra e ato promovidos pelo Sindicato dos Bancários

Para o movimento negro, o Dia da Abolição da Escravatura e a figura de Princesa Isabel não são motivos para festejar

REPRODUÇÃO

‘A lei é importante, mas não é resultado de uma luta de abolicionistas caridosos, bondosos’, lembra Oswaldo Faustino

São Paulo – O Dia da Abolição da Escravatura foi instituído no calendário oficial como algo a ser comemorado. Entretanto, para o movimento negro, a data e a figura da princesa Isabel não são motivos para festejar. Em memória de Zumbi dos Palmares e Dandara, o Sindicato dos Bancários de São Paulo realizará palestra e ato nesta segunda-feira (13).

Às 15h, ocorre a roda de conversa com o tema Abolição Inacabada, na sede do sindicato (Rua São Bento, 416). A palestra explica como a Lei Áurea oficialmente extinguiu a escravidão, mas foi desacompanhada de qualquer política de inclusão social, colocando a população negra à margem da sociedade.

Acompanhe a transmissão

Às 17h, haverá atividade lúdica na Praça Antônio Prado, próxima ao metrô São Bento, na região central, com lavagem da estátua de Zumbi dos Palmares. As duas atividades são em parceria com a União de Negros pela Igualdade (Unegro).

“Os livros de história colocam a princesa Isabel com heroína, e os negros como finalmente livres. O movimento negro, no entanto, luta para trazer à tona a verdadeira história: de que a abolição só existiu no papel. E a escravidão foi oficialmente abolida não por vontade da princesa, mas porque o sistema econômico na época achava mais rentável ter trabalhadores assalariados livres, contanto que fossem europeus”, explica Fábio Pereira, integrante do Coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

‘Pior momento do racismo’

Em entrevista ao Brasil de Fato, o jornalista e escritor Oswaldo Faustino afirma que a data de hoje não deve ser lembrada ou comemorada pela figura da filha de Dom Pedro II como benfeitora dos negros. “A lei é importante, mas não é resultado de uma luta de abolicionistas caridosos, bondosos. Não, muitos negros participaram da luta abolicionista também, apesar de não serem reconhecidos pela história”, diz.

Faustino, que atuou em diversos veículos de comunicação e integra a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira), se destaca na área de literatura afro-brasileira para crianças.

“Os comediantes acham divertido fazerem piadas racistas e se sentem no direito de fazerem essas piadas, ‘porque eu estou apenas fazendo rir’. Então, nós estamos vivendo um dos piores momentos do racismo brasileiro, porque, hoje, já há pessoas orgulhosas disso. Então, não é uma luta negra, é uma luta de todos, é uma luta que a sociedade vai sofrer muito se a gente não acabar com o racismo”, afirma.

 

Leia também

Últimas notícias