Em São Paulo

Falta de manutenção em pontes e viadutos é sintoma da crença no Estado mínimo

Especialistas avaliam, em entrevista à Rádio Brasil Atual, haver um jogo de 'empurra-empurra' entre prefeitura de São Paulo e governo estadual, além da perda de equipes para gerenciar as construções

Rovena Rosa/EBC

Viaduto da Marginal Pinheiros que cedeu (foto) em novembro de 2018 é exemplo para especialista do “empurra-empurra”

São Paulo – Os danos nas pontes e nos viadutos têm preocupado os moradores da cidade de São Paulo. Na semana passada, ao menos 16 construções da capital paulista foram registradas pela prefeitura sob “risco iminente de colapso”.

A ponte Cidade Jardim, na zona oeste, e o viaduto General Olímpio da Silveira, na região central, são duas de um total de seis instalações da cidade registradas pelo relatório técnico do município, que se somam ainda a outras dez obras também em situação emergencial, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo. Em nota à imprensa, a prefeitura nega a avaliação e afirma que houve um erro de digitação no relatório publicado pelo jornal, alterando o sentido da frase e indicando, na verdade, o desconhecimento de que existam construções em situação emergencial.

Ainda assim, especialistas consultados pela Rádio Brasil Atual avaliam que há anos existe um certo descaso com o monitoramento e manutenção de estruturas públicas, resultado também de um “empurra-empurra” entre prefeitura e governo do estado sobre a responsabilidade de gerenciar os reparos nas obras, como avalia o coordenador de projetos da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio, à repórter Beatriz Drague Ramos. “Foi criado, na verdade, um problema porque a posse é do governo do Estado, mas a manutenção tem sido feita pelo governo municipal.”

Arquiteto, mestre e doutor em Estruturas Ambientais Urbanas, Nabil Bonduki acrescenta que a situação atual é consequência do desmonte de órgãos que poderiam fazer a manutenção. “A prefeitura precisa ter um corpo gerencial (…) Ela vem perdendo isso dentro do que vem acontecendo no país, pela visão de um Estado mínimo”, afirma.

Ouça a reportagem:

Você pode conferir a partir de 54:27

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