Em São Paulo, movimentos sociais consideram ‘recado dado’ a governo e Congresso
Sindicatos falam em greve geral se projeto que legaliza terceirizações, aprovado na Câmara, não for alterado no Senado
Publicado 29/05/2015 - 19h54
São Paulo – Centrais sindicais e movimentos sociais esperam que as atividades de protesto durante todo o dia de hoje (29) – com travamento de avenidas e rodovias, ocupações, paralisações e manifestações –, faça com que o Congresso Nacional e o governo entendam o recado. “Os trabalhadores não podem ter seus direitos e empregos atacados para resolver a crise. Quem tem de pagar é o andar de cima”, disse o vice-presidente da CUT, Douglas Izzo, em ato na praça da República, centro de São Paulo.
As manifestações foram em defesa dos direitos sociais e da democracia e em protesto contra o projeto da terceirização, as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665 – a primeira muda as regras para a concessão do auxílio-doença e pensão por morte e a segunda dificulta o acesso ao abono salarial e ao seguro-desemprego. “Esperamos que essa movimentação sensibilize a presidenta Dilma e o Congresso”, afirmou Izzo.
O coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Gabriel Simeone, comparou as mobilizações com uma luta contra a escravidão. “Cada ato de hoje foi uma trincheira. Mas épocas de grandes ataques também são tempos de grande aprendizado. Se acham que vão nos vencer saibam que estamos só começando”, afirmou.
O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Raul Amorim avaliou que o Congresso Nacional foi “privatizado”. Ele também denunciou a imprensa brasileira por sua atitude de “criminalizar as mobilizações dos trabalhadores, enquanto exalta manifestações golpistas”.
Aprovado na Câmara em abril, o PL 4.330 está tramitando no Senado, agora como PLC 30. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), prometeu uma tramitação sem atropelos e com muitos debates na Casa, sinalizando que regulamentar a terceirização não deve significar risco a direitos. O movimento sindical se prepara para uma greve geral caso o projeto que passou na Câmara, autorizando a terceirização de atividades-fim em todos os ramos, não seja modificado.