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Órgão do governo Alckmin quer avaliar projeto de ciclovia na Avenida Paulista

Além da oposição pública de senador e vereador tucanos, o conselho do patrimônio histórico paulista emitiu nota informando que precisa dar aval à obra do prefeito Fernando Haddad

J.Duran Machfee/Folhapress

Projeto de Haddad tem custo de R$ 15 milhões e prevê a construção no canteiro central da via, que seria ampliado

São Paulo – A proposta do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), de implementar uma ciclovia na avenida Paulista, região central da cidade, agora terá de passar também pelo crivo do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), órgão do governo de Geraldo Alckmin (PSDB). O conselho emitiu nota informando que vai avaliar se o projeto pode causar alguma interferência “quanto à visibilidade, destaque e ambiência” no Museu de Arte de São Paulo (Masp), bem tombado pelo patrimônio histórico.

O Decreto Estadual 48.137, de 7 de outubro de 2003, determina que nenhuma obra poderá ser executada dentro da área envoltória de 300 metros ao redor do patrimônio tombado “sem que o respectivo projeto seja previamente aprovado pelo Condephaat”. O órgão garante, no entanto, que nenhuma proposta sofrerá atraso em sua construção “como consequência direta de estar inserido em área envoltória de bem tombado”. Não há previsão de quando o projeto deve ser analisado e receber um parecer do conselho.

Como precedente favorável à ciclovia, em janeiro de 2012, o edifício comercial Paulista Corporate, com 19 andares, foi erguido pela construtora Gafisa, bem ao lado do Masp, na esquina da Rua Plínio Figueiredo com a Avenida Paulista. Sua altitude em relação ao museu não foi empecilho para realização da obra.

O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp) informou não ser necessária autorização do órgão, pois considera que a obra não vai interferir em aspectos históricos do Masp. O projeto foi apresentado conjuntamente ao Conpresp e ao Condephaat na última terça-feira (9).

Segundo o projeto da prefeitura, a ciclovia custará R$ 15 milhões e será construída no canteiro central da via, que vai ser ampliado em 15 centímetros para cada lado.

O processo é mais um round da queda-de-braço entre a prefeitura e grupos de moradores e comerciantes de alguns bairros que são contrários à construção de ciclovias nestes locais. Desde junho, foram inaugurados 58 quilômetros de ciclovias. Somados aos 63 já existentes, a capital conta hoje com 121 quilômetros de faixas exclusivas para bicicletas. O projeto de Haddad é construir 400 quilômetros até 2016.

Um caso que ilustra essa briga é o do bairro Higienópolis, onde os moradores estacionam carros sobre a faixa exclusiva para ciclistas de 1,4 quilômetro, implementada no último sábado (6), nas ruas Piauí, Armando Penteado e Itatiara. Os moradores e comerciantes do bairro Santa Cecília, também no centro de São Paulo, fizeram um abaixo-assinado contra a ciclovia e ameaçaram ir à delegacia local para registrar boletim de ocorrência.

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), morador da região, se manifestou nas redes sociais sobre o assunto. “Delírio autoritário de Haddad. Esparrama ciclofaixas a torto e a direito, provocando revolta nos moradores de Higienópolis”, escreveu Nunes. Parte da imprensa paulistana também se opõe declaradamente ao projeto.

O vereador tucano Andrea Matarazzo, presidente da Comissão de Política Urbana da Câmara Municipal de São Paulo, quer que o projeto seja melhor planejado. “Se quer fazer ciclovia, desde que o projeto mostre a importância e a necessidade de uma ciclovia lá, deve-se fazer nas faixas de rolamento, adequando as ruas paralelas, a alameda Santos e a rua São Carlos do Pinhal. Que tire o estacionamento dos automóveis, recapeie aquelas vias, de forma a fluir melhor o tráfego naquelas vias“, sugeriu o vereador.

A comissão propôs a realização de uma audiência pública para discutir o projeto como um todo e, em especial, a ciclovia na Avenida Paulista. Ainda não há data para realização do evento.

As ciclovias propostas por Haddad se diferem das ciclofaixas implementadas pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), que funcionam somente aos domingos, entre 7h e 16h.

As ciclofaixas são divididas em seis trechos, sendo dois deles (leste e norte) encerrados neles mesmos, sem conexão com parques ou outros equipamentos públicos. O Guarapiranga – que fica em Interlagos, na zona sul da cidade –, com 11,2 quilômetros, se conecta com a ciclovia do rio Pinheiros, que tem 30 quilômetros e é administrada pelo governo estadual. Kassab implementou, sem oposição, 57 quilômetros de ciclofaixas para lazer em quatro anos de gestão.

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Com informações da Agência Câmara

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